Caracterização das papilas circunvaladas em línguas humanas: um resgate da obra inacabada de Alfonso Bovero

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Silva, Jodônai Barbosa da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10132/tde-30032016-092017/
Resumo: A língua humana foi primeiramente descrita por Andreas Vesalius, o “Pai da Anatomia Moderna”, no livro De humani corporis Fabrica em 1543. Contudo, as papilas do dorso da língua eram desconhecidas até então. Estas foram descritas e classificadas nos seus três tipos básicos de acordo com o tamanho em papilas de 1ª, 2ª e 3ª ordens somente após o advento do microscópio, por Marcello Malpighi em 1665. A partir daí, os padrões morfológicos das papilas variaram de acordo com a descrição de diferentes autores até alcançar os quatro tipos conhecidos até os dias de hoje, sendo elas: fungiformes, filiformes, folhadas e circunvaladas, sendo estas últimas o objeto de estudo do presente trabalho. Sugeridas primeiramente como tema de investigação para Alfonso Bovero (1871- 1937) fundador da Escola Anatômica de São Paulo pelo seu mentor Carlo Giacomini (1840-1898), Bovero criou um acervo na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) com mais de 800 línguas humanas obtidas de indivíduos masculinos e femininos, de diferentes idades e etnias. Em seu trabalho preliminar sobre o tema, publicado em 1936, ele descreveu o elevado grau de polimorfismo das papilas, agrupando-as a outros “instrumentos de função” como o encéfalo e as mãos humanas que, como órgãos da vida de relação, se caracterizam pela extrema complexidade morfológica. Com a sua morte em 1937, a pesquisa foi interrompida e do acervo inicial restaram 327 espécimes. O presente trabalho resgatou esse material a fim de avaliar com metodologias atuais a morfologia das papilas, levando em consideração a hipótese de individualidade lingual postulada inicialmente por Bovero, de que não existem duas línguas idênticas, nem mesmo nos antímeros de uma mesma língua. Para identificar os padrões estruturais e de possível singularidade das papilas disposição, número, área papilar, presença ou ausência de orla e formas tanto da própria papila quanto da sua orla foram utilizadas as técnicas de Morfometria, Mesoscopia, e Microscopias de Luz e Eletrônica de Varredura. Os resultados demonstram que no geral as línguas estão sobre 4 formas (circuliformes, trianguliformes, fusiformes e retanguliformes), as PCVs estão dispostas principalmente em forma de ”V” e “Y” linguais; elas podem ser verdadeiras ou falsas; algumas papilas apresentaram a mesma área, porém com morfologia diferente. Além disso, houve variação na textura dos componentes das PCVs. A combinação das variáveis estudadas (papilas, orlas, valo, poros gustatórios e histologia) confirmam a hipótese de unicidade glótica. Dessa forma, os remanescentes do acervo com um século de existência foram aproveitados, demonstrando viabilidade para o estudo anatômico e valorizando os experimentos iniciais do fundador da Escola Boveriana de Anatomia