Fatores preditivos para sangramento por úlcera após ligadura elástica de varizes esofagianas na hipertensão portal cirrótica: estudo observacional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Miyake, Ricardo Kawaoka
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-23062021-092015/
Resumo: Introdução: A ligadura elástica de varizes de esôfago (LEVE) é um método de tratamento endoscópico amplamente utilizado. Apesar da sua reconhecida eficácia, em torno de 5% a 10% dos pacientes tratados apresentam úlceras hemorrágicas no local de aplicação da ligadura, com difícil controle do sangramento. Até o momento, não está claro na literatura os possíveis fatores preditivos da ocorrência dessa complicação. Objetivo: Avaliar a prevalência e determinar os fatores de risco para sangramento por úlcera após ligadura elástica de varizes esofagianas em pacientes com hipertensão portal cirrótica. Pacientes e métodos: Estudo retrospectivo de pacientes com cirrose submetidos à ligadura elástica de varizes de esôfago no período de janeiro de 2006 a dezembro de 2013. Critérios de inclusão: candidatos a LEVE e idade >= 18 anos . Critérios de exclusão: portadores de TIPS, gestantes e falta de dados (prontuário não disponível para consulta). As variáveis clínicas, laboratoriais e endoscópicas dos pacientes foram avaliados quanto à sua influência na ocorrência de hemorragia digestiva alta (HDA) após LEVE mediante modelos de regressões logísticas uni e multivariadas. Os resultados foram validados internamente pelos métodos \"leave-one-out\" e Bootstrap. Foi adotado um nível de significância de 5%. Resultados: Foram avaliados 40.061 exames de endoscopia, sendo selecionados 513 pacientes submetidos à LEVE. Entre estes pacientes, vinte e um (4,1%) apresentaram sangramento após LEVE . Os 492 restantes foram classificados como controle. Não houve diferenças entre os grupos com relação à etiologia da doença hepática. Os pacientes que sangraram após LEVE freqüentemente apresentavam ascite (p= 0,028), etilismo ativo (p=0,013), albumina sérica mais baixa (p < 0,001) e predominantemente classificados como Child C (p=0,004). Não se verificou associação entre sangramento e sinais vermelhos ou tipo de profilaxia de sangramento varicoso. Utilizando o modelo de regressão logística multivariada com os componentes da classificação de Child, observamos que a albumina (OR:0,17, IC95%:0,08-0,37 ,p < 0,001) e o número de sessões de LEVE (OR:1,29, IC95%:1,04-1,59, p=0,021) estiveram associados ao evento sangramento após LEVE. No modelo com o estádio Child permanecem significantes o número de sessões de LEVE (OR:1,25, IC95%:1,02-1,54 ,p=0,032) e observamos que o estadiamento Child C (OR:6,81, IC95%:2,18-21,25, p=0,001) foi associado ao aumento do risco de sangramento. Verificou-se maior poder de discriminação (AUC 0,80) no modelo utilizando o nível de albumina sérica e o número de sessões de LEVE. Neste modelo, a sensibilidade foi 81,0%, a especificidade foi 69,9% e a acurácia 70,4%. Na validação interna cruzada por \"leave-one-out\" a sensibilidade foi 76,2%, especificidade 69,7% e a acurácia 70% e por Bootstrap foi 77,3%,71,9%, a acurácia 72,2% respectivamente