Expressão de microRNAs em trofoblastos infectados \"in vitro\" por vírus Zika e Chikungunya, e estabelecimento de um modelo experimental da transmissão vertical de vírus Chikungunya na gestação e lactação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Souza, Juliano de Paula
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17136/tde-06122021-151525/
Resumo: No presente estudo investigamos dois aspectos pouco estudados dos mecanismos de transmissão vertical de vírus Zika (ZIKV) e Chikungunya (CHIKV) durante gestação e lactação. O ZIKV é conhecidamente teratogênico e capaz de infectar diversas células na placenta humana, inclusive trofoblastos, células intrinsecamente resistentes a infecções virais por vários mecanismos, que incluem a expressão de microRNAs (miRNAs) regulatórios de respostas antivirais. A susceptibilidade dessas células a ZIKV e CHIKV e o impacto das infecções na expressão de miRNAs da célula hospedeira foi estudado por sequenciamento de nova geração (NGS). O repertório de miRNAs em células infectadas permitiu fazer a predição computacional de vias negativamente e positivamente reguladas pelas infecções virais. Identificamos o fator de regulação de CREB3 (CREBRF) como alvo em potencial de diversos miRNAs positivamente regulados, o que tem impacto na indução de autofagia. A validação experimental foi feita pelo silenciamento com RNAs de interferência (RNAi) para silenciar CREBRF, resultando em impacto significativamente distintos nas infecções por ZIKV e CHIKV: a replicação de ZIKV aumentou, enquanto a de CHIKV sofreu redução, indicando que a regulação desses miRNAs pode ter efeito pró ou antiviral, dependendo de mecanismos de interação vírus-célula distintos entre os dois. Há diversos relatos de transmissão vertical de CHIKV, mas pouco se sabe sobre rotas e mecanismos de transmissão. No presente estudo foi desenvolvido um modelo experimental de infecção por CHIKV, usando camundongos fêmeas da linhagem BALB/c infectadas durante a gestação e lactação, o que possibilitou a confirmação da transmissão transplacentária em 8,4% dos fetos analisados, com indução de efeitos teratogênicos graves. Tendo em vista que a maior parte dos animais nascidos e amamentados por fêmeas infectadas por CHIKV sobrevivem, foi avaliado o perfil de resposta imune desses animais ao longo da vida adulta contra esse vírus. Os resultados mostraram que os camundongos amamentados em fêmeas infectadas têm resposta imune humoral e celular ativas contra o vírus na idade adulta. Mais importante, esses animais são mais resistentes à infecção experimental por CHIKV 90 dias após o nascimento, indicando que a resposta imune induzida pela amamentação é efetiva e de longa duração. Observamos que as glândulas mamárias das fêmeas infectadas são sítios de replicação para CHIKV, e que há a transmissão de antígenos virais para os neonatos via leite. Esses resultados são inéditos, e criam as bases para futuras investigações sobre mecanismos biológicos básicos da transmissão vertical de ZIKV e CHIKV, bem como para abordagens translacionais em gestantes e neonatos infectados por esses agentes.