Formação graduada em terapia ocupacional e desenvolvimento de competências relacionais: estudo dos currículos dos cursos públicos no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Bregalda, Marília Meyer
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5170/tde-18112019-090832/
Resumo: Processos de desenvolvimento e avaliação da formação e atuação profissional em Terapia Ocupacional têm se norteado pelo desenvolvimento de competências profissionais, constituídas por conhecimentos, habilidades e atitudes que caracterizam uma profissão e respondem a padrões orientadores. No contexto da formação profissional em saúde, a atenção integral deve ser acompanhada por inovações nas graduações, com práticas contextualizadas nas redes de serviços que considerem a participação dos clientes e o fortalecimento das relações. As competências relacionais têm papel central nesses processos formativos e podem ser definidas como conjuntos de conhecimentos, habilidades e atitudes necessários ao estabelecimento de vínculos e à construção de relações de parceria colaborativa com clientes e equipes. O presente trabalho tem como objetivo descrever e analisar o alinhamento dos currículos dos cursos públicos de Terapia Ocupacional brasileiros com a pedagogia das competências e compreender como são definidas e desenvolvidas as competências relacionais necessárias à construção do perfil profissional. Realizou-se a análise das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Terapia Ocupacional e de documentos internacionais orientadores da profissão, que identificou a centralidade do desenvolvimento das competências relacionais nas proposições internacionais, ao contrário do verificado nas diretrizes nacionais. Em seguida, realizaram-se o estudo documental dos projetos pedagógicos dos 20 cursos e a aplicação de um questionário semiestruturado, respondido por 62 docentes. Os dados provenientes dos projetos e relatos dos docentes foram agrupados em categorias sobre as temáticas do estudo e, a partir delas, elaboraram-se sínteses descritivas e códigos analíticos. As competências relacionais compõem o perfil profissional de 15 projetos e, com relação aos demais componentes, são mais frequentemente citadas na definição das competências específicas para terapeutas ocupacionais e dos princípios e diretrizes dos campi ou cursos, nos processos avaliativos e no desenvolvimento dos estágios curriculares. Somente quatro projetos apresentam um eixo condutor referente à centralidade do desenvolvimento das competências relacionais na formação profissional. Quase metade das disciplinas que propõem o desenvolvimento dessas competências se remetem às áreas de atuação e populações atendidas pela profissão. A maioria dos docentes considera que o curso em que atuam é orientado pela pedagogia das competências e que os egressos desenvolvem as competências relacionais esperadas, referidas a relações com os clientes e equipes, comunicação, respeito, empatia, escuta e compreensão dos contextos e demandas dos clientes. As estratégias mais apontadas para esse desenvolvimento foram as vivências e intervenções realizadas nos campos de prática. As abordagens teóricas utilizadas são, em grande parte, provenientes do conhecimento produzido pela Terapia Ocupacional, e a avaliação formativa é a mais adotada nos processos avaliativos das competências relacionais desenvolvidas. Embora 15 projetos demonstrem adesão à pedagogia das competências ou incorporação de seus conceitos e orientações, suas proposições apresentam fragilidades semelhantes às das diretrizes nacionais, em especial no que diz respeito à ausência ou não explicitação de filiação pedagógica e à imprecisão conceitual. As sínteses das competências relacionais identificadas nos projetos e nos relatos dos docentes permitiram verificar o processo inicial de alinhamento dos currículos brasileiros com os pontos centrais preconizados internacionalmente para o desenvolvimento de relações. Os currículos apresentam importantes avanços em relação às diretrizes nacionais, mas ainda estão distantes da centralidade das competências relacionais verificada nos documentos orientadores. Isso indica a necessidade de sistematização dessas competências nas novas diretrizes e nos estudos e publicações da profissão, que trará rebatimentos para a reformulação dos cursos, em termos de continuar a avançar para essa centralidade. Os documentos internacionais e currículos nacionais precisam avançar na composição das competências relacionais, de modo a se apropriar da construção identitária da Terapia Ocupacional e contemplar: o papel do terapeuta ocupacional na defesa dos direitos humanos, a compreensão do engajamento em ocupações como ferramenta de transformação social e a singularidade da profissão na promoção de inclusão e participação social