Sobrecarga dos cuidadores na esquizofrenia: relação com a sintomatologia, funcionamento social do paciente e satisfação com o tratamento medicamentoso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Di Sarno, Elaine Scapaticio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5160/tde-16062021-140712/
Resumo: Introdução: após a reforma psiquiátrica no Brasil ocorreram mudanças significativas na forma de cuidado do paciente com esquizofrenia, dentre elas a transferência do modelo hospitalocêntrico para a comunidade. Neste contexto a família passa a viver uma nova realidade construída a partir do convívio cotidiano com o paciente, acarretando uma sobrecarga ao cuidador. Objetivo: avaliar as sobrecargas objetiva e subjetiva dos cuidadores de pacientes adultos com esquizofrenia atendidos no ambulatório do Programa de Esquizofrenia (PROJESQ) do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP e sua correlação com a sintomatologia, funcionamento pessoal e social do paciente, e a satisfação com o tratamento medicamentoso. Métodos: 60 pacientes, ambos os sexos, com esquizofrenia (DSM-5), idade entre 18 e 60 anos, estabilizados clinicamente por pelo menos 6 meses e 60 cuidadores, ambos os sexos, idade entre 18 e 80 anos, diretamente envolvidos no cuidado ao paciente no mínimo 30 horas por semana. Instrumentos aplicados nos pacientes: questionário sociodemográfico, Escala de Impressão Clínica Global para Esquizofrenia (Clinical Global Impression-Schizophrenia, CGI-SCH), Escala de Performance Social e Pessoal (Personal and Social Performance, PSP) e Questionário de Satisfação com o Tratamento Medicamentoso (Treatment Satisfaction Questionnaire for Medication, TSQM-II). Instrumentos aplicados nos cuidadores: questionário sociodemográfico, Escala de Avaliação da Sobrecarga Familiar (Family Burden Interview Schedule, FBIS-BR). Resultados: 60 Pacientes: 66,7% do sexo masculino, média (± desvio padrão) idade, 36,83 (± 9,87) anos, idade de início da doença 21,82 (± 7,32) anos, duração da doença, 15,23 (± 9,8) anos, número de hospitalizações 2,90 (± 3,69), e satisfação geral com o tratamento medicamentoso 63,75 (± 18,84). Cuidadores: 76% do sexo feminino, idade 55,87 (± 11,72) anos, em contato com o paciente 83,93 (± 37,23) horas/semana. A sobrecarga objetiva está positivamente correlacionada com os sintomas cognitivos do CGI-SCH (r = 0,277), número de horas semanais gastas com o paciente (r = 0,284) e negativamente com PSP (r = -0,346). A sobrecarga subjetiva mostrou uma tendência de correlação negativa com a idade de início da doença (r = -0,338). As variáveis incluídas no modelo de regressão para sobrecarga objetiva: renda familiar (p = 0,005), PSP (p = 0,009), estado civil do paciente (p = 0,012), sexo do paciente masculino (p = 0,046), paciente recebe benefício financeiro (p = 0,027). Para sobrecarga subjetiva: duração da doença (p = 0,045), parentesco é pai/mãe ou irmãos (p = 0,001). Conclusão: cuidar de pacientes masculinos, solteiros, com esquizofrenia há mais ou menos 15 anos, com predominância de sintomas cognitivos, comprometimento da funcionalidade, e que diante disso demandam 12 horas diárias dos cuidadores, gera sobrecargas objetiva e subjetiva consideráveis nas vidas dos cuidadores pais/mães ou irmãos. A renda mensal familiar também impacta na sobrecarga do cuidador