Frequência e impacto da apneia obstrutiva do sono em pacientes portadores da síndrome antifosfolípide primária trombótica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Balbi, Gustavo Guimaraes Moreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5140/tde-24042024-150512/
Resumo: Introdução: A apneia obstrutiva do sono (AOS) se associa com um aumento no risco de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares. O entendimento do impacto da AOS nos pacientes com síndrome antifosfolípide primária trombótica (SAFPt) pode ser importante para se reduzir o risco de recorrência trombótica nesses pacientes. Objetivo: Avaliar a frequência de AOS nos pacientes com SAFPt, investigar a performance das ferramentas de rastreamento para AOS nesse cenário, e comparar o perfil clínico e laboratorial dos pacientes com SAFPt com e sem AOS. Métodos: Pacientes com SAFPt foram consecutivamente convidados para realizar estudos do sono utilizando monitores portáteis. AOS foi definida como um índice de apneiahipopneia 15 eventos/hora. A frequência de AOS nos pacientes com SAFPt foi comparada com controles derivados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), pareados por idade, sexo e índice de massa corpórea (IMC), na proporção de 1:3. A seguir, a performance de 3 ferramentas para rastreamento de AOS (questionário de Berlim, STOP-Bang e NoSAS) foi avaliada nos pacientes com SAFPt. Por fim, pacientes com SAFPt foram classificados de acordo com a presença de AOS, e suas características clínicas e laboratoriais (incluindo dano acumulado avaliado pelo Damage Index for Antiphospholipid Syndrome [DIAPS] e biomarcadores associados a trombose e ativação endotelial) foram comparadas utilizando procedimentos estatísticos usuais. Resultados: Cinquenta e dois pacientes foram incluídos na análise (sexo feminino: 82,7%, idade média 48±14 anos, IMC médio 31,1±6,5 kg/m2). Desses, 25% foram diagnosticados com AOS através do estudo do sono. Quando comparados com os controles pareados (N=115), não houve diferenças estatisticamente significativas na frequência da AOS nos pacientes com SAFPt (SAFPt: 12/42 [28,6%] vs. controles: 35/115 [30,4%], p=0,821). Entre as ferramentas de rastreamento, NoSAS apresentou a maior área sob a curva ROC (AUC 0,806, IC95% 0,672-0,939, p=0,001), seguida do STOP-Bang (AUC 0,772, IC95% 0,607-0,938, p=0,004); o questionário de Berlim não foi útil nesse contexto. Pacientes com SAFPt e AOS apresentaram maiores níveis de fator de von Willebrand (FvW) (mediana 38,9 vs. 32,6, p=0,038) e DIAPS (mediana 5 vs. 2, p=0,020) do que aqueles com SAFPt sem AOS. AOS se manteve estatisticamente associada ao maior DIAPS mesmo após controle para idade, duração de doença e IMC. Conclusão: AOS é comum nos pacientes com SAFPt, com frequência comparável a uma população não referenciada. Tanto o NoSAS quanto o STOP-Bang parecem ser úteis como ferramentas de rastreamento da AOS nos pacientes com SAFPt. Pacientes com SAFPt e AOS apresentaram um maior dano acumulado pela doença e maiores níveis de FvW, o que pode sugerir um fenótipo mais grave da SAFPt nesse contexto