Revisitando a cavidade peritoneal de camundongos: identificação de novos subtipos funcionais de linfócitos B-1 e macrófagos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Ghosn, Eliver Eid Bou
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
LPS
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/9/9136/tde-27102016-185248/
Resumo: A cavidade peritoneal de camundongos abriga uma variedade de células do sistema imune. Inicialmente, devido as limitações metodológicas, acreditava-se que, aproximadamente, 90% das células peritoneais era representada por macrófagos. Em seguida, graças aos extensos estudos com células peritoneais, observou-se que, além dos macrófagos, o peritônio abrigava muitos linfócitos B, principalmente do subtipo B-1. Utilizando metodologias contemporâneas de FACS - citometria de fluxo, este trabalho mostra que, aproximadamente, 30% das células peritoneais são macrófagos, 55% são linfócitos B-1, dos quais 40% pertencem ao subtipo B-1a e 15% ao subtipo B-1b. Os 15%-20% restantes representam outros subtipos celulares, como linfócitos T, linfócitos B-2, linfócitos NK, eosinófilos, além da presença de outras populações de células que não foram possíveis de ser identificadas com os marcadores de superfície utilizados neste trabalho. Em contraste com a literatura, nossos estudos mostraram que os macrófagos da cavidade peritoneal de camundongos representam uma população heterogênea. Por meio da co-expressão de CD11b e F4/80, foi possível descrever dois subtipos funcionais de macrófagos, denominados aqui de PM-1 (CD11bhigh, F4/80high) e PM-2 (F4/8010W, CD11bint). As células PM-2 encontram-se em menor abundância (-10% do total de macrófagos) no peritônio não estimulado e, diferentemente de células PM-1, espraiam-se de forma alongada (bipolar) quando colocadas em cultura. Curiosamente, PM-2 são os únicos macrófagos peritoneais que expressam MHC-II e, ainda, 30% dessa população expressa CD11c, o marcador típico de células dendríticas. Já as células PM-1 possuem morfologia arredondada, estão em abundância no peritônio e produzem altas doses de NO após estímulo com LPS. Ambas as células são capazes de fagocitar bactérias in vivo, no entanto, as células PM-2 parecem mais eficientes, sendo capazes de internalizar quantidades maiores de bactérias. Após infecção in vivo, o número absoluto e a porcentagem de PM-2 aumenta muito no peritônio, chegando a representar metade dos fagócitos da cavidade peritoneal. Os macrófagos PM-1 e PM-2 parecem não representar monócitos já que não compartilham do fenótipo de monócitos presentes no sangue periférico. Deve-se ressaltar que, além das células PM-1 e PM-2, outras subpopulações do peritônio também expressam CD11b e F4/80. Com base na literatura atual, acredita-se que todas as células B-1 do peritônio expressam CD11b, uma molécula que é co-expressa com CD18 para formar o receptor de complemento e a molécula de adesão Mac-1. Entretanto, os estudos, apresentados neste trabalho, mostram que metade de cada subtipo de B-1 (B-1a e B-1b) não expressa CD11b. As células B-1 CD11b+ são maiores, mais granulosas e expressam quantidades maiores de IgM de superfície. As células CD11b+ possuem uma curiosa tendência de se juntar e formar duplas (doublets) fortemente ligadas entre si que estão presentes em abundância no peritônio de camundongos adultos. Além de ligarem entre si, as células B-1 podem formar duplas com macrófagos PM-1 e PM-2. Durante a ontogenia, as células CD11b- surgem primeiro no peritônio e são as progenitoras das células B-1 CD11b+. Após estímulo inflamatório (LPS í. v.) os linfócitos B-1 CD11b+ migram do peritônio para o baço, onde proliferam e transformam-se em células secretoras de anticorpos (plasmócitos). No peritônio, as células B-1 não são capazes de se diferenciar em plasmócitos (células CD138high). Os resultados apresentados aqui mostraram que, diferentemente dos macrófagos PM-2, os PM-1 são os responsáveis por inibir a formação de células secretoras de anticorpos derivadas de B-1. Em suma, nossos dados sugerem que, mediante estímulo inflamatório, as células B-1 maduras (CD11b+) migram do peritônio para o baço, afastandose de macrófagos PM-1. Já no baço, as células B-1 encontram um micro-ambiente favorável para se proliferarem e diferenciarem-se em plasmócitos, secretando a maioria dos anticorpos naturais vistos logo nas primeiras horas pós-estímulo.