Corset: o continuum e a impermanência simbólica na modelação da corporeidade feminina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Pereira, Roseana Sathler Portes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100133/tde-01092022-131935/
Resumo: Desde seu surgimento na corte europeia no século XVI, bodies, stays e corsets estabeleceram uma relação singular e íntima com os corpos das mulheres. Os diferentes significados associados ao seu uso podem ser lidos no exame das dinâmicas socioeconômicas e políticas que cercaram suas usuárias. Com o objetivo de reconhecer as diferentes configurações assumidas por tais vestimentas para traçar relações com os discursos que moldaram as noções de feminilidade, essa pesquisa qualitativa examina o uso de bodies, stays e corsets, sua materialidade e os profissionais que se ocuparam de sua confecção. A análise se concentra no território europeu, sobretudo na França e na Inglaterra, entre os séculos XVI e XIX. O trabalho teve como fontes primarias principais acervos museológicos, patentes, periódicos e fotografias. As fontes secundárias se definem pela historiografia do vestuário, do corpo, da medicina, do sexo e da maternidade. Defendemos que stays e corsets se convertem em marcadores do gênero feminino durante o processo de popularização de seu uso. As mudanças que se deram em sua modelagem, nos materiais empregados e em sua nomenclatura, apresentam-se como reflexos das expectativas sociais que pairavam sobre os corpos que os vestiam. Neste contexto, a agenda da medicina se faz evidente na manipulação, apropriação e produção de tais noções a fim validar biologicamente as mulheres para o cumprimento de seus papéis sociais, restringindo-os aos domínios da domesticidade, à maternidade e amamentação dos filhos. Contudo, o uso de stays e corsets também representaram uma forma de insurgência contra os mesmos propósitos e, revelam-se, portanto, testemunhas das dimensões simbólicas que construíram a corporeidade creditada às mulheres