Efeitos do manejo do solo em áreas de pastagem e cultivo de cana-de-açúcar sobre ecossistemas aquáticos continentais tropicais: uma abordagem realística em mesocosmos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Freitas, Isabele Baima Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18139/tde-16112023-100200/
Resumo: A expansão de áreas de pastagens e cana-de-açúcar no Brasil segue um modelo de produção agrícola que tem uma forte dependência de insumos agroquímicos, como fertilizantes e agrotóxicos, que ameaçam constantemente a qualidade dos ecossistemas aquáticos. Nesta pesquisa, os efeitos do manejo do solo em pastagens extensivas (PE), pastagens intensivas (PI) e culturas de cana-de-açúcar (C) foram avaliados em um estudo de campo em escala realista a partir do monitoramento de treze mesocosmos aquáticos inseridos nos tratamentos PE, PI e C durante 392 dias. O manejo recomendado para cada uma das áreas foi simulado, como preparação do solo, aplicação de fertilizantes, agrotóxicos (2,4-D, fipronil) e vinhaça, bem como a pastagem do gado. Os impactos do manejo do solo dos três tratamentos na água foram avaliados considerando três dimensões: 1) efeitos do manejo do solo na disponibilização de nutrientes e metais para os ecossistêmicos aquáticos; 2) efeitos ecotoxicológicos do manejo do solo, utilizando o cladócero Ceriophania silvestrii como bioindicador aquático, a dicotiledônea Eruca sativa como bioindicador de fitotoxicidade na água, e o díptero Chironomus sancticaroli como bioindicador do sedimento; 3) Avaliação do risco ecológico e perda de serviços ecossistêmicos associadas a essas áreas. Os resultados obtidos demonstraram que o manejo do solo em PI e C acarretaram deterioração da qualidade da água, com redução do pH e do oxigênio dissolvido ao longo do tempo e aumento das concentrações de fósforo, nitrogênio, potássio, alumínio e manganês, especialmente após a aplicação de fertilizantes e vinhaça da cana-de-açúcar. A presença de 2,4-D (< 97 &#956;g L-1) e fipronil (< 0,21 &#956;g L-1) na água foram capazes de alterar a fecundidade, a sobrevivência das fêmeas e a taxa intrínseca de aumento da população de C. silvestrii nos tratamentos PI e C; e a germinação e o crescimento da parte aérea da dicotiledônea E. sativa. Para C. sancticarolli, não foram observadas mudanças significativas na mortalidade, comprimento do corpo, biomassa fresca e peso seco livre de cinzas, bem como deformidades no mentum. O risco ecológico foi maior nos tratamentos C e PI, nessa ordem, em comparação com o tratamento PE, associado ao aumento da concentração de alumínio e pelo agrotóxico 2,4-D no tratamento PI, e aos metais alumínio, potássio, manganês e os agrotóxicos 2,4-D e fipronil no tratamento C. Esses resultados demonstraram efeitos potenciais nos serviços ecossistêmicos, como redução da qualidade do solo e da água e perda de biodiversidade. Espera-se, com a conclusão desta pesquisa, auxiliar na identificação dos fatores de risco ecológico associados às práticas de manejo adotadas em áreas de pastagens e de cana-de-açúcar, bem como subsidiar legislação específica para o uso de agrotóxicos em países tropicais.