Famílias de santo: as histórias dos ancestrais e os enredos contemporâneos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Pagliuso, Ligia
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-18102012-055706/
Resumo: A umbanda pode ser considerada uma religião que retrata por meio de seus rituais as raízes africanas de nossa sociedade. A presente pesquisa objetivou investigar a construção de laços afetivos e de filiação nos rituais de uma família de santo umbandista. Para esse efeito, com base na teoria psicanalítica lacaniana examinou-se em que medida a vivência afro-brasileira de ancestralidade poderia prestar-se à restituição e consolidação desses laços no âmbito de uma concepção simbólica de família (a família de santo). O método utilizado foi o da escuta participante. Este método combina recursos técnicos psicanalíticos, nomeadamente a atenção ao modo de inclusão do pesquisador no campo e a atenção a aspectos transferenciais, com procedimentos etnográficos. A pesquisa foi realizada no terreiro Templo Seara da Esperança e no Abrigo Lar Dona Cotinha, instituição social administrada pela família em estudo, ambos localizados na cidade de São Paulo. A concepção de família observada apresenta uma matriz africana que se reflete na compreensão do sentido do trabalho no Abrigo. Verificou-se que os guias espirituais do terreiro interpretam-se como pais e espíritos ancestrais e os fiéis e demais integrantes da comunidade como seus filhos. Os últimos são entendidos como crianças a serem cuidadas e como antepassados ao mesmo tempo potencialmente cuidadores uma vez que essas posições se alternam na cadeia geracional. Esta representação de pessoa e de família não apenas é decisiva para o entendimento das relações intrafamiliares como também se alarga à compreensão do sentido do trabalho com as crianças no Abrigo, traduzindo-se em saberes e práticas sociais includentes que merecem a atenção de uma Etnopsicologia afrobrasileira.