Fatores de risco psicossocial do trabalho associados ao adoecimento psíquico dos motoristas de ônibus urbano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Carvalho, Ricardo Baccarelli
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6134/tde-28042015-115238/
Resumo: Introdução Os motoristas de ônibus urbano são submetidos às normas das empresas de forma peculiar, permanecendo a maior parte do tempo fora dos limites da contratante, submetidos a situações de trabalho com alto potencial estressante. Os distúrbios psíquicos são frequentes nesta população, gerando absenteísmo e impacto financeiro para profissionais, empresas e população usuária dos serviços. Objetivos Verificar o nível de sintomas ansiosos e depressivos referidos e traçar o perfil de uso de álcool nos motoristas de ônibus urbano da região metropolitana de São Paulo, que buscavam atendimento médico; Identificar fatores de risco psicossocial do trabalho associados a este perfil. Métodos Avaliada amostra de conveniência de 174 motoristas de ônibus urbano encaminhados ao Serviço de Saúde Ocupacional do ICHC-FMUSP. Realizadas entrevistas, preenchimento de prontuário médico ocupacional e aplicados questionários de avaliação da percepção de fatores psicossociais do trabalho, como variáveis independentes, e avaliação de condição de saúde quanto ao indicativo de transtornos depressivos, ansiosos e do padrão de consumo de álcool, como variáveis dependentes, sendo realizada análise estatística dos dados. Selecionados casos que ilustram as situações de trabalho a que estes profissionais estão expostos. Resultados 93,1 por cento consideram seu trabalho como de alta demanda psicológica e 87,4 por cento consideram ter baixo grau de controle sobre as atividades. 81,6 por cento posicionam-se na categoria de trabalho de alta exigência do Modelo Demanda-Controle e 57,5 por cento referem ter baixo suporte social. 61,5 por cento avaliam que há desequilíbrio na relação esforço-recompensa e 77,6 por cento consideram alto seu comprometimento pessoal com o trabalho. Pelo Modelo Desequilíbrio Esforço-Recompensa, 55,2 por cento dos casos estão expostos à situação considerada como de risco mais intenso de adoecimento. 60,9 por cento e 70,3 por cento dos casos apresentam sintomas sugestivos de diagnóstico de depressão e ansiedade, respectivamente. 13,8 por cento da amostra referem uso de álcool compatível com abuso/dependência. Ser mulher, ter menor idade, apresentar desequilíbrio esforço-recompensa e ter alto grau de comprometimento com o trabalho foram associados a sintomas indicativos de quadro depressivo. Apresentar desequilíbrio esforço-recompensa e ter alto comprometimento com o trabalho foram associados a sintomas indicativos de quadro de ansiedade. Ter baixo nível de apoio social foi associado a indicativo de abuso/dependência de álcool. Pela análise por regressão logística múltipla, desequilíbrio esforço-recompensa e comprometimento estão associados à depressão; controle e comprometimento à ansiedade e apoio social ao uso de álcool. Conclusão A população estudada mostrou-se exposta à situação de risco intenso de adoecimento psíquico relacionado ao trabalho.