Avaliação dos efeitos de agrotóxicos em ecossistemas aquáticos tropicais utilizando organismos zooplanctônicos como bioindicadores

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Lopes, Laís Fernanda de Palma
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18139/tde-27032023-101637/
Resumo: No Brasil a aplicação de agrotóxicos em cultivos de cana-de-açúcar tem causado impactos nos ecossistemas aquáticos, com perda de diversos serviços ecossistêmicos. Dentro deste contexto, os objetivos desta pesquisa foram avaliar os efeitos dos agrotóxicos (inseticida Regent 800 WG® (ingrediente ativo (i.a.) fipronil) e herbicida DMA 806 BR® (i.a. 2,4-D)) utilizados na cultura de cana-de-açúcar, isolados e em mistura, nas variáveis abióticase bióticas do ambiente aquático (estudo em modelo ecossistêmico) e sobre o Copepoda Calanoida Notodiaptomus iheringi, em estudos laboratoriais (testes de toxicidade). Os experimentos em mesocosmos tiveram uma duração de 73 d e quatro tratamentos (Controle, 2,4-D, Fipronil e 2,4-D+Fipronil). As concentrações nominais de 2,4-D e fipronil aplicadas nos mesocosmos foram de 452 μg L-1 e 64 μg L-1, respectivamente. Variáveis como pH, oxigênio dissolvido, condutividade, temperatura, nutrientes, metais e agrotóxicos foram monitoradas em diferentes intervalos de tempo, além da comunidade zooplanctônica e da avaliação climatológica. Fipronil e 2,4-D, isolados e em mistura, não causaram mudanças nas variáveis limnológicas, porém verificou-se alterações na concentração de metais nos mesocosmos contaminados com os agrotóxicos. Na avaliação da comunidade de zooplâncton, as análises de modelos mistos demonstraram efeitos significativos dos agrotóxicos sobre Cladocera, Copepoda e Rotífera. No tratamento com o herbicida 2,4-D foi observado um aumento da abundância de Copepoda e diminuição de Cladocera e de Rotífera. O inseticida Fipronil e a mistura 2,4-D+Fipronil diminuíram a abundância de Cladocera e Copepoda e aumentaram a de Rotífera. Verificiou-se, ainda, o efeito das variáveis abióticas sobre esses organismos, sendo que para Copepoda a interação entre a PC3*tratamentos diminuiu significativamente a abundância deste grupo. Nesta análise, a PC3 é representada negativamente pelas variáveis oxigênio dissolvido e turbidez, e positivamente pelas variáveis fósforo total, íon amônio e nitrato. Na abordagem ecotoxicológica, a concentração real letal (CL)50-48h de 2,4-D e fipronil para adultos de N. iheringi foram: 478,24 ±107,77 mg L-1 e 4,97 ±3,30 μg L-1, respectivamente. A mistura desses dois agrotóxicos pode desencadear sinergismo na mortalidade de N. iheringi em altas concentrações. Embora 2,4-D e fipronil, isolados e em mistura não tenham ocasionado mudanças nas variáveis limnológicas durante os 73 d, os mesmos demonstraram ser potenciais fontes de metais aos mesocosmos. Nos tratamentos que receberam os agrotóxicos, isolados ou em mistura, foram verificadas alterações na abundância e nas interações biológicas entre os grupos do zooplâncton. Cladocera e Copepoda não se recuperaram nos tratamentos contendo fipronil após 73 d. O fipronil, em concentrações ambientais e na mistura com 2,4-D, foram tóxicos a N. iheringi.