A gastronomia e a Feira Kantuta: cultura e identidade de imigrantes bolivianos em São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Santos, Rosana Fernandes dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100135/tde-18112014-204042/
Resumo: Se em tempos idos a alimentação era utilizada para nutrir e saciar o ser humano e relacionava-se apenas à vida doméstica, hoje essa relação ultrapassa esse limite e avança para os restaurantes, praças de alimentação e feiras gastronômicas. Nesse sentido entende-se que os alimentos e consequentemente a gastronomia constituem-se em um processo histórico, carregado de simbolismos e dizem muito da estrutura econômica e social estabelecidas em uma determinada comunidade, a qual encontra em suas expressões culturais uma forma de manutenção de sua identidade. Este é o contexto social em que esta pesquisa se insere. Um mundo aparentemente sem fronteiras, que parece ter-se rendido ao capitalismo e no qual as identidades culturais entre os países vêm-se tornando mais difusas. O desemprego abrange parte significativa da população mundial e a economia informal é responsável por boa parte da produção. Países com economias mais frágeis tornam-se pólos de emigração para países em que, aparentemente, a economia está mais equilibrada. As culturas locais são influenciadas e influenciam as culturas dominantes. Este estudo busca refletir sobre algumas implicações geradas pela utilização da gastronomia enquanto forma de trabalho, cultura e lazer na vida de um grupo de imigrantes bolivianos residentes no Brasil, verificando possíveis reflexos nas vivências associadas ao campo da cultura. Enquanto procedimento metodológico optou-se por uma abordagem qualitativa, combinando os enfoques bibliográfico e de campo. Como objetivo, buscou-se responder à seguinte questão: O que representa, para os integrantes da Associação Gastronômica, Cultural e Folclórica Padre Bento, as atividades gastronômicas desenvolvidas na Feira Kantuta: oportunidade de trabalho, lazer e/ou ambiente para reprodução de sua cultura em terra estrangeira? Elaborou-se algumas hipóteses sobre o problema descrito e considera-se: que a gastronomia é utilizada como forma de renda; que as atividades gastronômicas, para além do trabalho, são percebidas como forma de reprodução de sua cultura e possibilidade de lazer e por último que a Feira possibilita o desenvolvimento de redes de suporte para os imigrantes que chegam. Desenvolveu-se uma coleta de dados por meio de documentação direta, realizando entrevistas através da metodologia/técnica da história oral (entrevistas temáticas) e tendo como recorte os imigrantes bolivianos que residem no Município de São Paulo e trabalham ou visitam a Feira Kantuta. Realizou-se visitas sistemáticas à Feira e desenvolveu-se conversas com seus integrantes e visitantes, posteriormente escolheu-se dez associados e quatro visitantes para as entrevistas. A Feira acontece todos os domingos na Praça Kantuta, localizada no Bairro do Pari no Município de São Paulo. Como principais considerações percebeu-se que os sujeitos entrevistados, num primeiro momento, pouco reconhecem a importância da gastronomia para a preservação de sua cultura e manutenção de suas identidades. A gastronomia aparece como forma de geração de trabalho e renda, entretanto quando indagados sobre sua representação e levados a refletir sobre o seu papel, percebem-na também como uma das formas de expressão cultural, assim como as danças e festividades ali apresentadas. A Feira Kantuta efetivamente serve de rede de apoio aos imigrantes bolivianos, que chegam à Cidade de São Paulo. Conclui-se que a cultura permeia a ação desses imigrantes e que lhes possibilita uma afirmação identitária, entretanto eles não se veem como protagonistas dessa produção cultural