Teste anti-HIV na perspectiva dos jovens: obstáculos e desafios para os programas de prevenção

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Zucchi, Eliana Miura
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-14042014-182455/
Resumo: O incentivo à testagem anti-HIV em campanhas nacionais não tem resultado em aumento na sua realização de teste por jovens. Com o objetivo de compreender o processo de decisão para realizar o teste de HIV, este estudo qualitativo realizou entrevistas individuais e três sessões de grupos focais com 26 estudantes do ensino médio em três escolas públicas de São Paulo, SP, em 2011. Os temas abordados foram: simbolismos da Aids, percepção de risco para infecção por HIV, consequências pessoais/sociais do diagnóstico, prevenção às DST/HIV na escola e benefícios/desvantagens em fazer o teste. A metodologia das cenas permitiu que imaginassem e/ou reconstituíssem o encontro sexual que os mobilizaria para o teste e o processo de testagem. Os resultados foram analisados segundo o campo construcionista social e o quadro dos direitos humanos. Para moças e rapazes, as trajetórias e cenas sexuais que mais estimulariam a testagem foram sem uso de preservativo e, em geral, em encontros com forte desejo e consumo de álcool. Moças indicaram cenas com envolvimento emocional e preocupação de evitar gravidez, infidelidade do parceiro ou sexo sob coerção. Rapazes imaginaram fazer o teste após cenas de sexo casual com parceiras sem vínculo afetivo, pobres ou negras. Alguns indicaram que o tempo fomentaria a reflexão sobre uma exposição ao HIV assim como o passado de parcerias sexuais e de uso de drogas do parceiro. Ao imaginar cenas de testagem, valorizaram a companhia para ir ao serviço de saúde, significado como não amigáveis. Fazer o teste foi sempre imaginado como muito estressante. Alguns consideraram receber o resultado um pesadelo, descreveram experiências de estigma e discriminação, e a experiência como uma lição para proteção nos encontros sexuais. O forte impacto psicológico diminuiria com o tempo assim como o uso do preservativo. O diagnóstico positivo garantiria uso de preservativo para proteger o parceiro, embora a não-utilização seja esperada em relações estáveis. O processo de decisão dos jovens em relação ao teste é marcado por trajetórias afetivo-sexuais que expressam diferentes normas de gênero para a sexualidade, constituindo diferentes trajetórias de autocuidado. O cenário cultural e programático do teste (idade, desigualdade de gênero, parceiro, classe, cor da pele, restrições nos serviços de saúde) expressa a intersecção entre diferentes marcadores sociais de desigualdade que constituem obstáculos à realização de direitos sexuais, à saúde e à educação.