Saúde mental e trabalho: panorama das ações e programas desenvolvidos nas instituições financeiras, a partir da perspectiva de profissionais da área de saúde e segurança

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Takayama, Gabriela Mytiê
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5170/tde-24032022-130509/
Resumo: INTRODUÇÃO: São diversas as abordagens teórico-conceituais que, atualmente, discutem e explicam a relação entre saúde mental e trabalho e, consequentemente, ancoram o desenvolvimento de ações neste âmbito. No contexto das instituições financeiras, a noção de risco psicossocial tem sido predominantemente adotada. OBJETIVO: Traçar um panorama, das ações e/ou programas destinados ao cuidado em saúde mental de trabalhadores inseridos em instituições financeiras, na perspectiva de profissionais que atuam no âmbito da saúde e segurança do trabalho. MÉTODOS: Pesquisa exploratória de abordagem qualitativa. Foi utilizada a técnica bola de neve para acesso aos participantes, que responderam a uma entrevista semiestruturada entre os meses de novembro de 2018 e junho de 2020. Para análise dos dados, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo temática, dando origem às seguintes categorias: Saúde e Segurança no Trabalho: possibilidades e limites de atuação da Área; Interface Saúde/Doença Mental e Trabalho; e Cuidado em Saúde Mental. RESULTADOS: Dos 19 profissionais indicados, oito foram entrevistados: três mulheres e cinco homens, com média de 12 anos de experiência na área, sendo metade vinculados à instituições públicas e a outra metade privadas. No geral, a área de saúde e segurança no trabalho possui pouco destaque no organograma dos bancos, com atribuições relacionadas: ao apoio a outras áreas normalmente consideradas mais centrais (Recursos Humanos e Jurídico); a responder às exigências legais, queixas e processos trabalhistas, além de gerenciar o trabalho de empresas terceiras de saúde ocupacional. A relação entre saúde mental e trabalho foi associada pelos entrevistados com processos de adoecimento mental e a prática de identificação/rastreio/diagnóstico foi descrita pelo uso de instrumentos quantitativos. Foram mencionadas ainda inúmeras dificuldades institucionais para reconhecimento do adoecimento mental relacionado ao trabalho e abertura da Comunicação de Acidente de Trabalho - CAT. As ações de cuidado aos trabalhadores bancários descritas pelos entrevistados foram muito semelhantes, com destaque ao retorno gradual às atividades de trabalho após período de afastamento, redução de metas durante período determinado e apoio especializado individual para aqueles que já apresentam algum tipo de comprometimento de saúde. DISCUSSÃO: O panorama do cuidado em saúde mental dos trabalhadores foi caracterizado pela oferta de ações assistenciais individuais, realizadas por empresas terceirizadas e com escassa ou inexistente discussão sobre o trabalho como determinante no processo saúde-doença mental. Foi evidenciada a adoção de abordagens teórico-metodológicas que não contemplam a complexidade do tema e são, por vezes, contraditórias entre si. Observa-se uma conduta institucional reativa, destinada ao cumprimento de obrigações legais, que impacta igualmente na saúde mental dos trabalhadores que têm como função o cuidado à saúde e à segurança de outros trabalhadores. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Evidencia-se a necessidade de discussão e aprimoramento das bases epistemológicas que fundamentam o trabalho na área, para que as diretrizes que norteiam as ações de saúde e segurança dos trabalhadores possam ser homogêneas e coerentes aos seus objetivos, sobretudo no âmbito da interface saúde mental e trabalho. Ressalta-se a necessidade de considerar a determinação do trabalho no processo saúde-doença, para que a construção da saúde mental dos trabalhadores e o desenvolvimento profissional se deem também a partir de transformações nas atuais formas de organização do trabalho e não sejam unicamente focadas nos indivíduos