Emissão de CO2 da madeira serrada da Amazônia: o caso da exploração convencional.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Campos, Érica Ferraz de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3146/tde-12062013-170523/
Resumo: Informações ambientais de materiais e produtos são essenciais para a gestão de sustentabilidade no setor de construção. Em função das mudanças climáticas, o fator de emissão de dióxido de carbono (CO2) de produtos torna-se relevante para inventariar projetos e edificações, e pautar a decisão de profissionais e consumidores. Com base na metodologia de Análise de Fluxo do Material, a presente pesquisa objetivou quantificar o fator de emissão de CO2 da madeira serrada da Amazônia originária de exploração convencional. O recorte abrangeu a extração de toras da floresta, transporte de toras até serraria, processamento primário e transporte de madeira serrada ao mercado consumidor. Foram consideradas para o cálculo as emissões advindas de resíduos de biomassa e consumo de energia fóssil. Os resultados são apresentados em faixas de valores mínimos a máximos, para cada etapa produtiva, com o objetivo de incorporar incertezas e variações relativas às características do ambiente florestal e procedimentos da atividade madeireira. A quantificação foi principalmente baseada em dados de literatura; entrevistas e questionários com madeireiras da região foram utilizados para determinar o consumo de energia no processo. Entre 200 t/ha e 425 t/ha de biomassa seca acima do solo compõem a floresta Amazônica, de acordo com as características regionais. Essa biomassa estoca de 98 tC/ha a 208 tC/ha. Na exploração convencional são extraídas de 3 a 9 árvores por hectare, estimadas entre 4% e 14% da biomassa. Durante a extração, de 7% a 33% da biomassa florestal é danificada para abertura de trilhas, derrubada de árvores comerciais e arraste de toras. A biomassa destruída na extração é geralmente abandonada na floresta, onde se decompõe, gerando emissões. Nas serrarias, devido ao baixo aproveitamento, pelo menos 54% da biomassa das toras é transformada em resíduos, que são queimados ou degradam, outra fonte de CO2. Somando floresta e serraria, são produzidos de 5,0 t/t a 8,5 t/t na relação entre resíduos e madeira serrada. As emissões relativas aos resíduos, por unidade de tora processada, são estimados de 3,4 tCO2/t a 9,7 tCO2/t. As emissões por consumo de energia para extração, transporte de toras e processamento contribuem com 0,02 tCO2/t a 0,12 tCO2/t de tora processada. Ao final do processo produtivo, estimou-se a faixa de variação das emissões de 7,5 tCO2/t a 28,4 tCO2/t de madeira serrada, equivalentes a 5,2 tCO2/m³ e 19,6 tCO2/m³. Outra etapa considerada foi o transporte do produto entre serraria e mercado consumidor, que incrementa em 0,03 tCO2/t a 0,12 tCO2/t de madeira serrada, se admitidos 1.956 km, estimativa de distância média percorrida legalmente com a madeira amazônica no Brasil. O fator de emissão de CO2 da madeira serrada da Amazônia pode fundamentar políticas públicas para sua mitigação na atividade madeireira, bem como pautar iniciativas do setor público, construção civil e consumidores. A destruição da floresta foi identificada como a principal influência no fator de emissão de CO2 da madeira serrada. Para mitigação do CO2 nessa etapa, o modelo convencional de exploração precisaria ser revisto, o que conjuntamente promoveria a conservação da floresta. O aproveitamento de resíduos de floresta e serraria configura outra oportunidade relevante para a redução de impacto ambiental do produto. A parcela de contribuição da produção de madeira serrada Amazônica sobre as emissões brasileiras de 2005 foi estimada entre 3,5% e 13,1%. Para a proposição de ações eficazes, o impacto de diversos modelos de exploração madeireira precisa ser medido e sua análise ser aprofundada, para as diferentes regiões da floresta Amazônica.