Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Fontanelli, Mariane de Mello |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-17022021-173103/
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Resumo: |
Introdução: Há necessidade de métodos para avaliar a qualidade de alimentos à base de cereais a fim de promover a conscientização dos consumidores, a reformulação de alimentos e esforços políticos como diretrizes, rotulagem e alegações de saúde. Nesse sentido, a presença de 1 g de fibra em 10 g de carboidrato (razão ≤10:1) tem sido proposta na identificação de alimentos à base de cereais com melhor qualidade nutricional. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi investigar a aplicação da razão ≤10:1 na identificação de alimentos à base de cereais saudáveis, sua associação com fatores de risco cardiometabólico, avaliar o panorama do consumo desses alimentos e seus determinantes, assim como o potencial impacto nutricional de estratégias para aumentar o seu consumo na população do município de São Paulo. Métodos: Foram utilizados dados provenientes do Inquérito de Saúde de São Paulo de 2003, 2008 e 2015. Trata-se de um estudo transversal de base populacional com amostra representativa de indivíduos de 12 anos ou mais residentes na área urbana do município. Participantes responderam a um questionário semiestruturado, a pelo menos um recordatório alimentar de 24 horas, e tiveram coletadas amostras de sangue, antropometria e medidas de pressão arterial. Alimentos do grupo dos cereais que atenderam à razão ≤10:1 tiveram o valor nutricional comparado aos alimentos que não se enquadraram nesse critério por meio de regressão linear com variância robusta. Investigamos a associação entre o consumo de alimentos ≤10:1 e fatores de risco cardiometabólico por meio de regressão linear múltipla (primeiro manuscrito). O consumo desses alimentos nos anos 2003, 2008 e 2015 foi comparado por meio de testes de tendência e sua associação com características sociodemográficas foi investigada por meio de regressão logística, assim como a predição de consumo para os próximos anos (segundo manuscrito). O impacto nutricional da substituição do arroz branco e do pão branco por seus correspondentes integrais foi avaliado por meio de mudanças na média de ingestão de alimentos que atenderam à razão ≤10:1, energia e nutrientes (terceiro manuscrito). Resultados: Alimentos que atenderam à razão ≤10:1 apresentaram menor carboidrato disponível (-3,0 g/porção), açúcar total (-7,4 g/porção), açúcar de adição (-7,2 g/porção) e gordura saturada (-0,7 g/porção); e maior fibra alimentar (+3,5 g/porção), proteína (+2,1 g/porção), potássio (+100,1 mg/porção), ferro (+0,9 mg/porção), selênio (+4,2 ?g/porção), magnésio (+38,7 mg/porção) e zinco (+1,1 mg/porção). Cada aumento de 1% de energia (E) desses alimentos foi associado a níveis sanguíneos mais baixos de triacilglicerol (-10,7%), razão triacilglicerol/HDL-c (-14,9%), insulinemia de jejum (-13,6%) e HOMA-IR (-14,0%). De 2003 a 2015, houve aumento no consumo cereais que atenderam à razão ≤10:1 (de 0,9%E para 1,5%E) e na proporção da população consumindo esses alimentos (de 8,7% para 15,8%). Estima-se que 19,9% da população consumirá algum tipo de cereal atendendo ao critério ≤10:1 em 2030. Maior chance de consumo desses alimentos foi observada entre indivíduos mais velhos (+78%), mulheres (+28%), pessoas com ensino superior (+137%) e níveis mais altos de renda familiar (+135%), enquanto participantes que relataram etnia negra, parda ou indígena apresentaram menor chance (-30%). A substituição do arroz branco e do pão branco por arroz integral e pão integral, respectivamente, resultaria em aumento da ingestão de zinco (9,1%), cálcio (9,3%), vitamina E (18,8%), fibra alimentar (27,0%) e magnésio (52,9%), e na diminuição de carboidratos totais (-6,1%), folato (-6.6%), carboidratos disponíveis (-8,5%), vitamina B6 (-12,5%), vitamina B2 (-17,4%), e vitamina B1 (-20,7%). A ingestão de alimentos que atenderam à razão ≤10:1 pré e pós-modelagem foi de 4,0% e 69,4% da ingestão de cereais totais, respectivamente, um aumento de 220 g/d. Conclusões: A razão ≤10:1 identificou alimentos à base cereais com maior qualidade nutricional e a maior ingestão desses alimentos foi associada à redução de fatores de risco cardiometabólico relacionados à dislipidemia aterogênica e resistência à insulina. De 2003 a 2015, houve aumento no consumo de cereais que atenderam à razão ≤10:1, mas esse consumo permanece abaixo dos níveis recomendados. Menor probabilidade de ingestão de alimentos que atenderam à razão ≤10:1 foi observada entre mais jovens, sexo masculino, com menor escolaridade e renda familiar e de etnia negra, parda e indígena, nesse período. A substituição de alimentos à base de cereais por opções equivalentes que atenderam à razão ≤10:1 pode levar a mudanças favoráveis no conteúdo nutricional da dieta, além de notável aumento na proporção de cereais que atenderam à razão ≤10:1 em relação aos cereais totais. |