O Teatro do Sentenciado de Abdias Nascimento: classe e raça na modernização do teatro brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Narvaes, Viviane Becker
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27156/tde-19022021-183344/
Resumo: A presente Tese de Doutorado, intitulada O Teatro do Sentenciado de Abdias Nascimento: classe e raça na modernização do teatro brasileiro, se enquadra na área de concentração \"Teoria e Prática do Teatro\" e na linha de pesquisa \"História do Teatro\". Trata-se de pesquisa histórica de natureza básica, qualitativa e documental, portanto teórica e empírica. O Teatro do Sentenciado foi um grupo de teatro criado por Abdias Nascimento no interior da unidade prisional em que esteve encarcerado no Estado de São Paulo, na década de 1940, a saber, a Penitenciária do Estado de São Paulo, o Carandiru. As peças criadas e encenadas pelo grupo são analisadas nesta tese e podem ser consideradas as primeiras experiências teatrais, documentadas de forma mais complexa, de teatro nas prisões no Brasil, ainda que se tenham notícias da existência de grupos mais antigos. Ao historiar e analisar essa experiência teatral, identifico alguns outros homens presos que constituíram o grupo, bem como pessoas da administração penitenciária que compuseram os bastidores deste teatro. A análise das seis peças que compõem o repertório do grupo foi feita com base em documentação encontrada que inclui apenas um pequeno fragmento de texto. Trazer as vozes dos homens que participaram desse processo foi uma premissa metodológica, mas também uma necessidade da pesquisa para lidar com os processos de apagamento da história do teatro das classes populares. O sujeito encarcerado foi compreendido, portanto, como pertencente a setores subalternizados da sociedade brasileira. As dimensões de classe destas determinações podem ser vislumbradas inclusive ao examinarmos a conformação do campo da história do teatro no Brasil, cuja fração dedicada ao estudo do teatro vinculado aos setores populares é infinitamente menor do que aquela dedicada às expressões referidas à cultura dominante. Diante disso se fez necessário refletir sobre as condições de produção teatral dos encarcerados e recapitular as conexões dessa produção com a história das relações entre arte e prisão. Examino experiências específicas de teatro e prisão no contexto internacional e organizo uma linha do tempo do teatro nas prisões do Brasil. A contextualização internacional e nacional não pretende uma totalização das práticas teatrais nas prisões, mas, sobretudo, situar este tipo de teatro numa escala global e, no caso nacional, contribuir com o campo, organizando cronologicamente as práticas encontradas. Diante da escassez de fontes tradicionais sobre o Teatro do Sentenciado, analiso também obra inédita de Abdias Nascimento escrita enquanto esteve encarcerado no Carandiru. O Teatro do Sentenciado é examinado sob a ótica da produção artística e cultural dos setores populares da sociedade e proposto como um capítulo relevante da história do teatro brasileiro, inclusive, nos debates de sua modernização.