Estudo dos achados na tomografia de coerência óptica na doença de Vogt-Koyanagi-Harada e de suas associações como biomarcadores de prognóstico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Missaka, Ruy Felippe Brito Gonçalves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5149/tde-15022024-152817/
Resumo: Os avanços da tomografia de coerência óptica (OCT) têm permitido o estudo morfológico da retina em detalhes, assim como seu uso ampliado como marcador de doença, de prognóstico e de resposta ao tratamento. Na doença de Vogt-Koyanagi- Harada (DVKH) sabe-se que o tratamento precoce e adequado proporciona um bom prognóstico visual, no entanto, parte desses pacientes apresentam desfechos funcionais e estruturais desfavoráveis. Assim, a busca de biomarcadores de prognóstico poderia individualizar esses pacientes, permitindo um tratamento diferenciado. OBJETIVO: Avaliar as alterações morfológicas no exame de OCT de domínio espectral, desde a fase aguda e durante os primeiros 12 meses, de pacientes com DVKH e correlacioná-las com parâmetros de atividade inflamatória, tratamento, função visual e avaliação multimodal. MÉTODOS: Estudo retrospectivo baseado em levantamento de dados e exames de imagem de 33 pacientes (66 olhos) com DVKH, atendidos na Clínica Oftalmológica do Hospital das Clínicas HCFMUSP, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, desde junho de 2011 até março de 2021. Os critérios de inclusão foram: pacientes com o diagnóstico de DVKH em seguimento desde a fase aguda da doença, no mínimo de 12 meses, sob protocolos de tratamento e seguimento pré-definidos. As imagens obtidas na OCT (Spectralis HRA-OCT system, Heidelberg Engineering, Heildeberg, Alemanha) no início do tratamento, nos 1º, 3º, 6º, 9º e 12º meses foram lidas, de forma independente, por três especialistas em retina. As características analisadas foram: descolamento seroso (DRS), descolamento bacilar (DB), cistos intrarretinianos (CI), material sub-retiniano indefinido, integridade da zona elipsoide (ZE) e da zona de interdigitação (ZI), ondulações do epitélio pigmentado da retina (EPR), comprimento da linha do EPR, área e densidade óptica do fluido do descolamento retiniano (DR). Foram realizadas a análise estatística descritiva, equações de estimação generalizadas (EEG), função de ligação identidade com matriz de correlações permutáveis entre os olhos e regressão logística. RESULTADOS: A idade mediana dos pacientes foi de 33 anos (15 a 67 anos), sendo 29 do sexo feminino (88%). O tempo mediano de duração da doença foi de 85 meses (45 a 139 meses). A mediana da acuidade visual (AV) inicial foi 1,8 logMAR (0 a 2,3 logMAR) e 0 logMAR (0 a 0,7 logMAR) em M12. Aos 12 meses, sunset glow fundus (SGF) foi visto em 58% dos olhos (38/66), fibrose em 30% dos olhos (20/66) e o eletrorretinograma campo total (ERGct) subnormal em 76% dos olhos (47/62). O DRS estava presente em 96,4% (54/56) dos olhos em M0, em 42,4% (28/66) em M1 e 9,1% (6/66) em M3. O DB estava presente em 48,2% (27/56) dos olhos em M0 e em 6,1% (4/66) em M1. O período mediano de resolução do DRS e do DB foi dentro de um mês. Os CI foram vistos em todos os momentos. Nenhum olho apresentou a ZE e a ZI totalmente intactas em M0. Em M12, a ZE e a ZI estavam intactas em 48,4% (31/64) e 7,8% (5/64) dos olhos, respectivamente. As ondulações do EPR foram classificadas como moderada ou grave em 60% (32/53) dos olhos em M0 e em 13% (9/66) em M1. A persistência do DRS em M3 apresentou associação com fibrose aos 12 meses (p=0,030), membrana neovascular (p=0,04) e extravasamento perivascular (p<0,001). Foram observadas associações significativas entre o DB em M0 com SGF (p=0,008), fibrose (p<0,001) e maior área de DRS em M0 (p=0,036). Na análise de regressão logística, a presença do DB em M0 aumentou o risco em 12 vezes para evolução com fibrose e 14 vezes para SGF no primeiro ano da doença. A presença de CI em M0 foi associada com maior tempo de início de tratamento (44 vs 19 dias; p=0,012). A alteração da integridade da ZE em M3 apresentou associação com autofluorescência grave em M1 (p=0,047) e ERGct subnormal (p=0,036) em M12. O padrão denteado na camada plexiforme externa/ camada de fibras de Henle (CPE/HFL) foi visto em 81% (54/66) dos olhos e associado com melhor AV em M1 (0,175 vs 0,35 logMAR; p=0,006) e em M12 (0 vs 0,14 logMAR; p=0,004). CONCLUSÃO: Os achados tomográficos na fase aguda da DVKH apresentaram associações significativas com parâmetros de atividade inflamatória, com desfechos estruturais e funcionais. A presença do DB no diagnóstico destacou-se como um biomarcador precoce de pior prognóstico, evidenciado pelas alterações de fundo aos 12 meses. Por outro lado, o padrão denteado da CPE/HFL, achado descrito pela primeira vez em DVKH, associou-se ao melhor prognóstico visual