\"Agora tenho até lugares para voltar\": territórios clínico-políticos racializados na atenção psicossocial com adolescentes em Santos/SP

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Pereira, Tahamy Louise Duarte
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-29112024-174906/
Resumo: A partir da experiência de trabalho na saúde mental coletiva, que permitiu a circulação por diversos territórios da cidade de Santos/SP, e da escuta do sofrimento sociopolítico de pessoas negras em Centros de Atenção Psicossocial, construiu-se a compreensão de que o racismo e seus efeitos impactam na constituição subjetiva e na produção de sofrimentos. Este estudo psicanalítico teve como objetivo investigar os efeitos de um dispositivo clínico-político que articule raça e territórios da cidade na atenção psicossocial com adolescentes. Para isso, são abordadas uma historicização do processo de constituição da segregação socioespacial racializada na cidade e uma discussão acerca da violência colonial-racial, seus impactos na constituição subjetiva a partir da psicanálise e a potência de vida e o saber-viver das culturas expostas à violência colonial. Trabalhou-se com o método psicanalítico e, mais especificamente, a psicanálise implicada na dimensão sociopolítica do sofrimento. A pesquisa consistiu em um grupo semanal com adolescentes frequentadoras de um serviço de saúde mental comunitária, entre maio e setembro de 2022, cujos encontros foram registrados nos diários de experiência da pesquisadora. A análise da experiência e sua discussão deram-se a partir da escuta da pesquisadora, da leitura dos diários e das fotos tiradas nos encontros. A discussão do trabalho do grupo foi feita a partir de três eixos: (1) Relações raciais: experimentando, falhando e sustentando falar da diferença, no qual foi dada ênfase a momentos do grupo em que a temática racial se apresentou, seja pela história da cidade, pela temática das composições familiares interraciais ou pela relação com o próprio corpo; (2) Colocar o corpo na cidade, eixo temático que aborda efeitos do dispositivo investigado que se relacionam com a circulação pela cidade e seus vários territórios; (3) Efeitos de um dispositivo psicanalítico, em que se discute os efeitos que puderam ser apreendidos no dispositivo clínico-político trabalhado nesta pesquisa e que parecem relativos à escuta psicanalítica. Conclui-se que o dispositivo em questão possibilitou momentos de ampliação de territórios existenciais e de deslocamentos imaginários e simbólicos para as adolescentes participantes. Considerando a realidade brasileira de profunda desigualdade racial e seus impactos de sofrimento para toda a sociedade, entende-se serem oportunas novas investigações que exercitem uma práxis clínica antimanicolonial na atenção psicossocial, práxis essa necessariamente antirracista.