Alteração hidrotermal no contexto da evolução geológica do maciço alcalino de Pocos de Caldas, MG-SP

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1990
Autor(a) principal: Garda, Gianna Maria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44135/tde-02092013-144159/
Resumo: O Maciço Alcalino de Poços de Caldas ocupa 800 km², sendo que aproximadamente um quarto desta área encontra-se alterada por ação hidrotermal, proporção incomum quando comparada aos demais maciços alcalinos conhecidos no mundo. A alteração hidrotermal está associada às mineralizações de Zr, U e Mo do pIanalto, predominantemente localizadas na sua porção centro-sul , na chamada \"estrutura circular centro-leste\". AIi, a coloração típica da rocha alterada e do solo, regionalmente denominados de \"rocha potássica\", é bege esbranquiçado a creme claro. A Mina Osamu Utsumi, também conhecida como a jazida de urânio do Campo do Cercado, situa-se a 25 km ao sul da cidade de Poços de Caldas e foi explorada, de 1977 até 1989, pelo método da cava a céu aberto. A área da mina é um complexo conduto de brechas (\"breccia pipe\"), mais ou menos irregular, encaixado em fonólitos e nefelina sienitos, os primeiros predominantes nas porções W e N-NE, e os segundos, nas porções E e S-SE. Também são encontrados pequenos corpos de pseudoleucita fonólitos e diques de biotita lamprófiros. As brechas que constituem o conduto central são, na realidade, aglomerados polimícticos, de textura sustentada por clastos e matriz, com fragmentos de dimensões desde decimétricas e métricas. A matriz também é formada por fragmentos de várias dimensões. As brechas marginais (oligomícticas) apresentam textura sustentada por clastos: nas brechas do tipo \"craquelée\" a movimentação dos fragmentos é quase nula, enquanto que nas brechas de fragmentação (\"shatter breccias\") os fragmentos encontram-se afastados entre si, por movimentação e rotação, gerando-se, assim, \"poros\" (vazios) angulosos. As características da mineralização primária variam com a profundidade; nas áreas mais profundas (zona reduzida), são encontrados predominantemente na matriz e nos interstícios das brechas zircão, pechblenda, esfalerita, galena e principalmente minerais de Mo, pirita e fluorita. A mineralização secundária formou-se pelo avanço da frente de oxiredução, sendo que os teores mais elevados de U encontram-se imediatamente abaixo desta. Os óxidos de U que aí precipitam são uraninita e pechblenda. A alteração hidrotermal é responsável pela transformação da nefelina em illita (politipos 1M e 2M) e pela reconstituição textural do feldspato potássico (ortoclásio a microclínio intermediário de alta triclinicidade), que agora apresenta aspecto \"pulverulento\", com inclusões de óxidos de Fe, de illita e grande quantidade de inclusões fluidas. A presença anterior de minerais máficos é inferida pela concentração de minúsculos grãos de minerais opacos, illita, carbonatos, e argilominerais do grupo das esmectitas. A alteração hidrotermal não oblitera a textura original da rocha, o que permite esboçar um esquema de perdas e ganhos (balanço geoquímico) , através do cálculo isovolume. Caracterizam-se perdas reais para N\'a IND. 2\'O, F\'e IND. 2\' \'O IND. 3\', FeO, CaO, MgO e MnO e ganho principal para \'K IND. 2\'O, Um rápido cálculo mostra que a transformação de 1000 g de rocha fresca em rocha alterada envolve a perda de 31 g de N\'a IND. 2\'O e o ganho de 10 g de \'K IND. 2\'O. Parte-se do pressuposto de que o mecanismo de colocação das rochas alcalinas do Maciço de Poços de Caldas foi semelhante ao modelo de \"caldeira ressurgente\". As primeiras manifestações magmáticas foram as rochas piroclásticas e os derrames, hoje preservados apenas no Vale do Quartel. Segue-se a intrusão subvulcânica, principalmente de egirina fonólitos e fonólitos porfiríticos, com a formação dos anéis topográficos que delimitam boa parte do perímetro do maciço. Nefelina sienitos devem ter-se cristalizado a temperaturas entre 500 e 800 °C; pseudoleucita fonóIitos e fonólitos afíricos constituem corpos menores. Em algum momento da história evolutiva, deve ter havido uma nova intrusão de magma (que gerou a \"estrutura circular centro-leste\"?) nas rochas já bastante resfriadas (300-400 ºC), o que provocou seu brechamento, segundo o modelo de geração de corpos de \"porphyry copper\". O brechamento facilitou a circulação de fluidos que promoveram a remoção e dlstribuição de calor. Dever-se-ia esperar uma sequência de minerais de alteração adaptada a temperaturas em contínuo decréscimo; entretanto, apenas illita e feldspato alcalino são observados nas porções do planalto alteradas por ação hidrotermal, e sua formação parece ter sido controlada mais fortemente por fatores cinéticos do que térmicos. A circulação irrestrita de fluidos hidrotermais relativamente mais quentes ter-se-ia dado no início do processo, diminuindo imediatamente após o resfriamento da área brechada (e do corpo magmático subjacente), levando o sistema a patamares cinéticos que inviabilizariam alterações hidrotermais posteriores. Sucedeu-se a alteração intempérica, que produziu caulinita, gibbsita, oxidação de minerais, etc., e destruição da textura original da rocha; foi pouco eficiente na geração de novos minerais, mas muito eficiente na redistribuição dos elementos Zr, U e Mo, na transformação de pirita em óxidos e hidróxidos e na destruição de fluorita na zona oxidada.