Práticas de aleitamento materno e fatores associados em crianças indígenas menores de 2 anos do estado de Alagoas (AL)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Oliveira, Valéria Clarisse de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-04122024-183925/
Resumo: Introdução: Aleitamento materno (AM) na primeira hora, exclusivo (AME) até 6 meses e continuado até 2 anos ou mais representa a prática alimentar mais adequada para desenvolvimento pleno da criança. Povos indígenas vivenciam o AM de forma bastante particular, influenciados por diferentes fatores. Objetivos: Investigar as frequências e os fatores associados às práticas de AM em crianças indígenas menores de 2 anos do estado de Alagoas. Métodos: Estudo transversal com dados do inquérito domiciliar Estudo de Nutrição, Saúde e Segurança Alimentar de Indígenas de Alagoas (ENSSAIA). Entre 2022 e 2023, mães de crianças elegíveis foram entrevistadas para coleta de dados socioeconômicos, demográficos, obstétricos, de saúde, práticas alimentares e uso de bicos artificiais. Investigou-se as frequências de práticas de AM, segundo indicadores da Organização Mundial da Saúde (OMS). Amostras de sangue por punção digital foram obtidas para avaliação da concentração de hemoglobina (Hb) por hemoglobinômetro portátil. Frequências absolutas e relativas, medidas de tendência central e dispersão e intervalos de confiança de 95% (IC95%) foram calculados para descrever variáveis categóricas e contínuas. Análise de sobrevida (Kaplan-Meier) foi utilizada para estimar a probabilidade de as crianças ainda estarem em AM segundo idade. Modelos múltiplos de regressão de Cox, de Poisson com variância robusta e linear foram adotados para investigar fatores associados ao desmame, à presença de anemia e à concentração de Hb, respectivamente. Resultados: De 1.303 domicílios entrevistados, 145 apresentaram crianças menores de 2 anos (n=151). Foram excluídos 3 pares de gêmeos (n=6), totalizando 145 crianças (n=1, sem informação para AM). Cerca de 81% amamentaram na primeira hora. Entre menores de 6 meses, apenas 10% estavam em AME, 44% em AM predominante e 76% ainda eram amamentadas. Entre maiores de 6 meses, 19% fizeram AME até 180 dias, com 65% entre 6 a 12 meses e 50% entre 12 a 24 meses ainda amamentadas. Quando consideradas todas as crianças avaliadas, 38% tinham desmamado e, entre elas, a duração mediana do AM foi 60 dias (IIQ7;120). Uso atual de chupeta (HR=2,86; IC95%1,55-5,30) e mamadeira (HR=2,34; IC95%1,03-5,30) associou-se ao aumento do risco de desmame. Em situação de uso de ambos os bicos artificiais, apenas 70%, 35% e 25% delas estariam em AM aos 30, 180 e 365 dias, com duração mediana de 90 dias. Pertencer ao segundo (RP=0,49; IC95%0,25-0,97) e terceiro (RP=0,53; IC95%0,30-0,93) tercis de renda associou-se à menor ocorrência de anemia entre crianças de 6 a 24 meses e usar mamadeira (RP=2,62; IC95%1,42-4,84) apresentou associação inversa. Consumo de álcool na gestação, excesso de peso da criança e uso atual de mamadeira foram preditores associados a menores concentrações de Hb; maior número de pessoas no domicílio e AME até 180 dias associaram-se a incremento na Hb. Conclusão: Práticas de AM entre crianças indígenas alagoanas menores de 2 anos mostraram-se aquém das recomendações da OMS, especialmente de AME. Uso de chupeta e mamadeira associou-se ao desmame precoce e essa última também à anemia após o sexto mês. Esses resultados reforçam a urgência de ações específicas de promoção, proteção e apoio ao AM entre povos indígenas.