Geração, masculinidades e atenção primária à saúde em três cidades do Nordeste brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Costa Junior, Florencio Mariano da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-27022015-103246/
Resumo: Nas últimas décadas, estudos no campo da saúde coletiva confirmam condições desfavoráveis de saúde da população masculina. Tais condições são multideterminadas por fatores ambientais, biológicos e sociais que no âmbito da construção social das masculinidades produzem desfechos negativos na saúde da população masculina. Fatores como gênero, raça/etnia, classe social e geração, dentre outros, influenciam a forma como homens de diferentes faixas etárias lidam com o processo saúde/adoecimento e com o uso dos serviços de saúde. A classe social e o gênero são determinantes em saúde reconhecidamente estudados no campo da saúde, no entanto a categoria geração é pouco explorada e muitas vezes reduzida a uma análise etária e quantitativa. O presente estudo investigou se e como os fatores geracionais em articulação com gênero produzem, em homens de três cidades do Nordeste e de diferentes gerações, expressões de necessidades de saúde e modos distintos de lidar com ela. E, a partir daí, analisou o quanto tais diferenciais produzem variações no uso de serviços em atenção primária e no cuidado à saúde. Para alcançar estes objetivos a presente pesquisa analisou entrevistas coletadas com usuários, de 16 a 74 anos, em 04 serviços de atenção primária orientados pela Estratégia de Saúde da Família (ESF), localizados na região Nordeste, nas cidades de Recife, Olinda e Natal. Estas entrevistas foram inicialmente coletadas no estudo multicêntrico sob o título \"Saúde da população masculina na atenção primária: tendência histórica e representações sobre necessidades, acesso e uso de serviços em cidades de quatro estados do Brasil (RN, SP, PE e RJ). Um total de 58 entrevistas audiogravadas e transcritas integralmente foram selecionadas e analisadas a partir dos fundamentados do método de interpretação de sentidos, baseado em princípios hermenêuticos-dialéticos que buscam interpretar o contexto, as razões e as lógicas de falas, ações e inter-relações entre grupos e instituições. A análise contempla os grupos geracionais de jovens (entre 16 a 29 anos), de adultos (entre 32 a 54 anos) e de idosos (entre 55 a 74 anos) que compartilham coletividades e experiências comuns relacionadas ao uso de serviços de saúde em atenção primária. Os resultados apresentaram informações relevantes sobre as formas como homens de diferentes grupos geracionais entendem a masculinidade e sua influência sobre os cuidados com a saúde e o uso de serviços, bem como a forma como estas masculinidades e as posições geracionais juntas podem amplificar as vulnerabilidades destes no campo da saúde. Os dados revelaram possíveis influências entre os contatos originais nos contextos de uso dos serviços de saúde que podem definir a forma como os homens lidam com os serviços de saúde ao longo da vida. As rupturas e as permanências que se relacionaram com o exercício das masculinidades diante dos processos de saúde-adoecimento foram apresentadas e discutidas de modo que a relação entre homens e atenção básica à saúde fosse compreendida em uma perspectiva geracional