Contracepção de emergência: desconforto para a prescrição do método entre os médicos que atuam na área de pediatria no estado do Amazonas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Amorim, Renata Vieira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17144/tde-11022020-160241/
Resumo: Introdução: A contracepção de emergência (CE) é um método eficaz e seguro para prevenção de gravidez não intencional após relação sexual desprotegida na adolescência. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi identificar os fatores associados ao desconforto para prescrição de CE entre os médicos que atuam na área de pediatria no Estado do Amazonas. Métodos: Um questionário eletrônico anônimo foi enviado via e-mail aos médicos. O questionário era estruturado com 25 itens, divididos nas sessões: dados pessoais, conhecimento sobre o assunto, percepção do desconforto, fatores para não prescrição do método e experiência no tema. A análise estatística foi realizada com a descrição das frequências relativas e absolutas, teste do qui-quadrado, teste exato de Fisher, teste de MannWhitney. Três modelos estatísticos foram usados: regressão logística multivariável, árvore de decisão e random forest. A validação cruzada com os três modelos foi feita para encontrar o que tivesse melhor capacidade de predição. Resultados: Foram incluídos na pesquisa 151 médicos, 52,98% eram desconfortáveis para prescrever CE, sendo a inexperiência a principal razão para evitar a prescrição do método (54,01%). Apenas 13,91% dos profissionais identificaram corretamente os métodos de contracepção pós-coito aprovados para uso no Brasil e 15,15% identificaram o tempo máximo para a prescrição de CE. Houve associação entre a não prescrição de CE pelo motivo inexperiência e o desconforto para prescrever CE nos três modelos: na regressão logística (OR 4,35 IC 95% 1,35-12,19), na árvore de decisão a frequência de desconforto de 78,58% e na random forest essa foi a primeira variável no ranking de importância. Outro fator associado presente nos três modelos foi a prescrição de CE pelo motivo de relação sexual desprotegida (OR 0,03 IC 95% 0,00-0,250), essa variável foi o nó mais importante da árvore de decisão (nó raiz) enquanto que na random forest essa variável foi a segunda no ranking de importância do modelo. Outros fatores associados ao desconforto para prescrição de CE foram: não prescrição por considerar que compromete adesão a outro métodos contraceptivos, interesse em aprender mais sobre o tema, número de adolescentes atendidos por mês, idade do participante, evitar prescrever CE por motivo religioso, atuar em ambulatório do SUS e número de anos de residência médica em pediatria. O modelo que apresentou melhores ajustes na validação cruzada foi a regressão logística,seguida do random forest e depois da árvore de decisão. Conclusão: Mesmo que a CE seja gratuita e amplamente disponível na rede pública no país, eficaz e segura para uso em adolescentes ainda é pouco conhecida e prescrita pelos médicos. As possíveis estratégias para redução do desconforto para o aconselhamento contraceptivo entre os médicos que atuam na área de pediatria no estado do Amazonas seriam: o investimento em treinamentos e na educação profissional continuada em contracepção, a implementação de estratégias educacionais mais práticas voltadas à simulação realística e o desenvolvimento de plataformas tecnológicas de suporte à decisão clínica.