A angiotomografia de artérias coronárias na estratificação do risco cardiovascular em pacientes com câncer submetidos à cirurgia de alto risco

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Bittar, Cristina Salvadori
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-20122022-123901/
Resumo: Introdução: a cirurgia permanece como uma das bases do tratamento oncológico. As complicações cardiovasculares após cirurgias não cardíacas representam uma causa importante de morbidade e mortalidade pósoperatória. Exames adicionais como angiotomografia computadorizada de coronárias (CCTA) na estratificação de risco antes de cirurgias não cardíacas tem tido seu papel estudado Objetivos: avaliar a habilidade da angiotomografia de coronárias em predizer a ocorrência de injúria miocárdica (MINS) no pós-operatório de cirurgias oncológicas de grande porte. Métodos: no período de agosto de 2017 a julho de 2021, foram incluídos 184 pacientes portadores de neoplasia, em programação de tratamento com cirurgia de grande porte, assintomáticos do ponto de vista cardiovascular e com pelo menos dois fatores de risco cardiovascular. Os pacientes foram submetidos a CCTA no pré-operatório e a dosagem de troponina no pós-operatório imediato e até o terceiro dia. O desfecho primário foi a ocorrência de injuria miocárdica nas primeiras 72 horas de pósoperatório. A injuria miocárdica foi definida como valores de troponina T 0,014 ng/mL. Os desfechos secundários foram: taxa de eventos combinados em 30 dias ou até a alta hospitalar definidos por insuficiência renal, choque séptico, arritmia cardíaca, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, eventos tromboembólicos, morte cardiovascular e morte por todas as causas; taxa de reinternação hospitalar em 30 dias; tempo de internação na UTI e tempo de internação hospitalar; fatores de risco para injúria miocárdica e para eventos combinados. Resultados: a mediana e o intervalo interquartílico de idade foi de 66 (60-73) anos, com 44,6% de pacientes com neoplasias do retossigmoide. Injúria miocárdica ocorreu em 87 pacientes (48%), e eventos combinados ocorreram em 70 pacientes (37,6%). A taxa de reinternação foi de 14,7%, e a mediana do tempo de internação hospitalar e de terapia intensiva foi de 8 dias (6-12 dias) e 2 dias (1-4 dias), respectivamente. A análise logística multivariada para injúria miocárdica identificou como preditores os seguintes: tumor de bexiga (OR 10,40 [IC 95% 2,51-43,20]; P = 0,001), tumor de esôfago (OR 7,39 [IC 95% 2,27- 24,08], P = 0,001), maior tempo de anestesia (OR 1,24 [IC 95% 1,09-1,43]; P = 0,002), escore de cálcio de 401 -1000 (OR 5,92 [IC 95% 1,29-27,08; P = 0,022]) e escore de cálcio > 1000 (4,62 [IC 95%1,18-18,04; P = 0,028]). A análise logística para eventos combinados identificou como preditores os seguintes: lesão coronariana na angiotomografia, sendo que os pacientes com lesões em três ou mais artérias apresentaram HR de 2,10 [IC 95%1,11- 3,96]; P = 0,022), maior porcentagem do tempo de hipotensão na cirurgia (HR 1,02 [IC 95% 1,00-1,04]; P = 0,019) e creatinina elevada pré-operatória (HR 4,71 [IC95%1,60-13,88]; P = 0,005). Conclusões: o escore de cálcio e o número de vasos acometidos detectados pela CCTA foram preditores de injúria miocárdica e eventos combinados em pacientes com câncer submetidos a cirurgia de alto risco. A CCTA deve ser considerada na estratificação de risco cardiovascular nessa população, permitindo a melhor alocação de recursos e aplicação de estratégias adequadas para prevenir complicações