Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2000 |
Autor(a) principal: |
Vaz, Solange |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48131/tde-24072019-150036/
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Resumo: |
Este trabelho tem o intuito de investigar os sentidos da produção discursiva por meio do qual a educação infantil (re)produz o lugar institucional da criança-problema. Para tanto, discute inicialmente o percurso histórico das práticas educativas em torno da criança de zero a seis anos, destacando a adoção de um modelo escolarizante e seus efeitos no cotidiano de seus agentes e clientela. Constituído por concepções que privilegiam o desenvolvimento cognitivo da criança, esse modelo produz efeitos paradoxais nas relações diariamente vividas em creches e pré-escolas. Um desses efeitos é a imagem da criança que não se enquadra aos valores, padrões e modelos esperados. A partir da perspectiva institucionalista proposta por Aquino no que se refere à análise das práticas escolares, este trabalho nutriu-se do pressuposto teórico-metodológico de que, no discurso dos protagonistas da ação educativa sobre a criança pequena, materializam-se as representações acerca da criança que não corresponde ao que dela se espera, em geral tomada como problema. O material discursivo examinado foi obtido por meio de observações do cotidiano de uma creche e uma EMEI da rede pública do município de São Paulo, bem como de entrevistas com educadoras de ambas as instituições. As análises indicaram que, em consonância com o discurso pedagógico contemporâneo, fundado nos preceitos científicos, as práticas concretas da educação infantil controlam e classificam sua clientela, estabelecendo modelos de ação que têm como objetivo desenvolver a criança. Entretanto, para além de tal propósito, tais práticas sinalizam um caráter nitidamente normativo da ação pedagógica aí desenvolvida e indicam que a subjetividade que nelas se produz é crivada pela norma desenvolvimentista, ou seja, criança que se comporta e se desenvolve conforme características e expectativas previamente definidas. Em relações assim instituídas, parece não se conceber outra forma de se relacionar com a diversidade da clientela que não seja a do ajustamento ao padrão. Como consequência, a criança que se distancia da norma, seja por excesso, seja por falta, acaba sendo interpretada como desigual, anômala ou disfuncional. Contudo, por meio das histórias de alguns personagens desviantes, foi possível constatar como certas crianças, ainda bem pequenas, criam estratégias sutis de resistência à normatização, desenhando singularidades na forma como nela se inserem. Mesmo tendo sua subjetividade ditada pela norma, tais crianças mostraram que esperam ser vistas não com um olhar que as aponte como desvio, mas que as reconheça como alteridade e diferença. |