Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Santana, Arthur Pereira |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-04062019-130102/
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Resumo: |
Esta tese tem por objeto a neutralização das vogais átonas no Português Brasileiro. Um dos objetivos principais é desenvolver uma proposta que consiga, além de capturar a neutralização das vogais médias a favor das médias-altas, como observado em dialetos do sul/sudeste (WETZELS, 1992), também capturar os fatos acerca dos dialetos do norte/nordeste, nos quais o contraste das vogais médias é perdido a favor das médias-baixas (SILVA, 2009). Para tanto, primeiramente argumenta-se que uma proposta desenvolvida por meio da Teoria da Otimalidade (PRINCE & SMOLESNKY, 1993) é capaz de não só formalizar o modo pelo qual a neutralização se dá, mas também explicar o porquê de isso acontecer. Em TO, argumenta-se que a neutralização pode ter duas motivações distintas, i.e., que há dois tipos de neutralização, a neutralização como um mecanismo de aprimoramento de contrastes (FLEMMING, 1995, 2004; PADGETT, 1997), e a neutralização como alinhamento de proeminências (CROSSWHITE, 1999, 2004). Nesta tese, argumenta-se que o Português Brasileiro é uma língua que possui ambos os tipos de neutralização e que por meio da interação entre as restrições que as motivam, é possível capturar os fatos observados tanto em dialetos do sul/sudeste, quanto é dialetos do norte/nordeste. A fim de testar a hipótese de neutralização via relaxamento (i.e., de que a neutralização das vogais médias favorece as médias-baixas), elaborou-se um experimento de leitura de palavras trissílabas paroxítonas inseridas em uma frase veículo, que foram produzidas por 20 indivíduos, nascidos e criados em São Luís-MA, ou seja, falantes de uma dialeto representativo dos dialetos do norte/nordeste. Os resultados obtidos pela análise estatística do corpus constituído por 4800 dados corroboraram a hipótese de neutralização via relaxamento enquanto as vogais médias-baixas e altas em sílabas pretônicas em início absoluto de palavras são previsíveis por serem restritas a contextos mais específicos, a produção de vogais médias-baixas nesse contexto não é completamente previsível, o que evidencia que sua produção deve resultar da própria neutralização, e não de outros processos fonológicos. Argumenta-se, ainda, que propostas anteriores como a de Wetzels (1992) consegue capturar a totalidade dos fatos acerca dos dialetos do sul/sudeste, mas não pode ser estendida a fim de prever o que ocorre em dialetos do norte/nordeste. Por sua vez, a análise de Nevins (2012) consegue formalizar os fatos acerca da produção de vogais médias-baixas em sílabas pretônicas, mas faz previsões incorretas acerca da produção de vogais médias-baixas em sílabas postônicas não-finais, contexto no qual não há indícios de que a neutralização via relaxamento ocorra (SILVA, 2010; SANTANA, 2014). Desse modo, é crucial que a proposta de neutralização para o Português Brasileiro consiga capturar que a neutralização via relaxamento ocorre em sílabas pretônicas iniciais, mas não em sílabas postônicas não-finais. Argumenta-se que essa distinção se dá pelas diferenças de proeminência contextual em dialetos do norte/nordeste, a neutralização das vogais médias favorece médias-baixas (vogais mais proeminentes dentre as vogais médias) em contextos átonos proeminentes (sílabas em início absoluto de palavra), e que as vogais médias-altas (formas menos proeminentes dentre as vogais médias) são favorecidas em contextos com baixa proeminência relativa (sílaba postônica não-final). Por meio da formalização via ranqueamento de restrições, mostra-se que as restrições que motivam o aprimoramento de contrastes são responsáveis por eliminar o contraste entre as vogais médias e que as restrições acerca do alinhamento de proeminências é responsável pela seleção de qual das vogais deve ocupar a pauta medial: médias-baixas em contextos átonos mais proeminentes e médias-altas em contextos átonos menos proeminentes. A fim de estender essa análise para outros contextos pretônicos, que não somente as sílabas pretônicas em início absoluto de palavra, elaborou-se um segundo experimento que buscou observar a produção de vogais médias em sílabas pretônicas não-inicias portadoras ou não de acento secundário. O corpus de 2400 dados, provenientes das produções de 20 indivíduos, nascidos e criados em São Luís, mostram que vogais médias-baixas em contextos nãoharmônicos foram produzidas em sílabas pretônicas que poderiam portar acento secundário, mas evitadas em contextos em que o acento secundário não poderia ser produzido. Desse modo, é possível estender a propostas desenvolvida também para outros contextos pretônicos para além das sílabas em início absoluto de palavra, de modo que a previsão feita para os dialetos do norte/nordeste é a de que a neutralização favorece vogais médias-baixas em contextos átonos proeminentes (sílabas pretônicas em início absoluto de palavras e portadoras de acento secundário) e favorece médias-altas em contextos átonos nãoproeminentes (sílabas postônicas não-finais e sílabas pretônicas não-iniciais e não portadoras de acento secundário). Os fatos acerca dos dialetos do sul/sudeste, na qual a neutralização sempre favorece as vogais médias-altas em contextos átonos, independente de suas proeminências relativas, são capturadas por meio de um ranqueamento diferente das mesmas restrições utilizadas para formalizar o padrão observado em dialetos do norte/nordeste. |