Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Arnoldi, Eliana Scaravelli |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-01102014-101110/
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Resumo: |
Levando em conta os processos de socialização familiar, escolar e profissional de um grupo de professores, este trabalho propõe examinar as repercussões de um programa de formação continuada nas práticas de ensino de docentes da Educação Básica, em particular, nas práticas de leitura e escrita. O referencial teórico do estudo vale-se de conceitos de Bourdieu, Lahire, Elias e Setton. Por meio do exame de diferentes arranjos das experiências socializadoras dos professores, o trabalho indaga sobre as possibilidades de transformação das práticas docentes, sobretudo, as relacionadas ao ensino da leitura e da escrita pelo fato de serem as que foram priorizadas e enfatizadas pelo referido programa de formação. O trabalho empírico, de cunho etnográfico, adotou como procedimentos metodológicos a observação participante e a entrevista semiestruturada. Oito professores (seis mulheres e dois homens) egressos do PEC-Municípios programa especial de formação de professores de modelo semipresencial que diplomou alguns milhares de professores em nível superior foram acompanhados. As análises desenvolvidas indicam que a transformação do habitus docente por meio de dispositivos de formação continuada só se faz possível mediante determinadas condições. Professores submetidos a outras experiências formativas similares, oferecidas pelas secretarias de educação e/ou buscadas pelos docentes em outros contextos, apresentam maior probabilidade de alterar suas práticas pedagógicas. Por outro lado, a força da experiência socializadora secundária pode funcionar como um fator que dificulta fortemente a mudança das práticas, favorecendo a manutenção de uma perspectiva tradicional do ensino. Igualmente, a falta de condições objetivas no contexto profissional acarreta conflitos entre crenças e disposições para agir por parte dos professores, resultando em práticas frustradas ou apropriações superficiais que funcionam como travas à transformação do habitus docente. Assim, a socialização profissional, diante das forças das socializações primárias e secundárias e das condições contextuais de trabalho, no máximo, pode enfraquecer certas disposições docentes contribuindo, desse modo, para a formação de um habitus pedagógico híbrido (Setton). A respeito das práticas de leitura e escrita dos professores, as análises revelam que as potencialidades do modelo de formação continuada em foco são limitadas para uma transformação de maior abrangência, uma vez que atingem tão somente as práticas de ler para estudar e de ler para fins de trabalho. A hipótese inicial de investigação relacionada a um possível fomento do gosto pela leitura e escrita por prazer nos professores cursistas, tendo como pano de fundo a simetria invertida, não foi confirmada. Tais práticas apareceram cerceadas, principalmente, pela falta de condições objetivas de cunho material e temporal. O exame dos processos que configuram o habitus dos professores ao longo da vida, nos vários espaços de socialização em que foram formados, confirmou os pressupostos das teorias da ação, porém, indicando a necessidade de novos aprofundamentos que possam conduzir a uma compreensão maior sobre os determinantes da prática pedagógica e suas relações com o capital cultural herdado do campo familiar e escolar. No nível micrológico em que as análises foram desenvolvidas, foi possível chegar a um resultado que vai ao encontro da tese da reprodução cultural de Bourdieu: professores que nutrem o gosto por ler e escrever são melhores docentes quanto ao estímulo do gosto pela leitura e escrita de seus alunos. |