Planejamento reprodutivo, pré-natal, parto e nascimento numa região do nordeste brasileiro: análise da realidade e proposta de matriz de avaliação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Santos, José Marcos de Jesus
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-18082022-105110/
Resumo: No Brasil, a saúde materno-infantil apresentou avanços em ações, programas e políticas públicas a partir da década de 80. Entretanto, indicadores ainda permitem inferir uma assistência com baixa utilização de boas práticas, além de registros de desigualdades. Frente a isso, objetivou-se 1º) Analisar as prevalências de adequações e inadequações do planejamento reprodutivo, pré-natal, parto e nascimento em uma Região do Nordeste brasileiro e as variáveis associadas às inadequações; e 2º) Elaborar uma proposta de Matriz de Avaliação de Processo relacionada à adequação do planejamento reprodutivo, pré-natal, parto e nascimento, com aplicação destinada a municípios e/ou estados brasileiros. Trata-se de um estudo transversal, descritivo e inferencial, usando dados coletados entre março e julho de 2018 em uma maternidade de risco habitual de Lagarto (SE) - referência para seis municípios da Região Centro-Sul do Estado. Foram obtidos dados primários e secundários de 655 puérperas e seus recém-nascidos, sendo o estudo aprovado pelo CEP da UFS (2.553.774) e da EERP-USP (5.111.309). Os resultados mostraram prevalências significativas de inadequações do planejamento reprodutivo, pré-natal, parto e nascimento, e suas respectivas associações, tendo predomínio de mulheres com maior vulnerabilidade socioeconômica. No planejamento reprodutivo, evidenciou-se gravidez não planejada (57,56%); gravidez na adolescência (19,08%); não recebimento de orientações sobre métodos contraceptivos (40,31%) e/ou planejamento familiar (76,34%) e desconhecimento da mulher sobre ligadura tubária (61,98%), vasectomia (60,76%), DIU (48,84%) e métodos hormonais injetáveis (27,02%). No pré-natal, identificou-se início tardio (19,54%); poucas consultas (18,78%); sem pré-natal do(a) parceiro(a) (51,43%); ausência de orientações sobre atividades para facilitar o parto (50,69%), sinais de risco/alerta na gravidez (50,54%), como inicia o trabalho de parto (39,97%), aleitamento materno exclusivo (28,33%) e complementar (47,63%) e baixa realização de exames no primeiro trimestre e, ainda mais grave, no terceiro trimestre gestacional. Na parturição, houve peregrinação no anteparto (25,95%); gestantes de alto risco com parto em maternidade de risco habitual (16,49%); ausência de acompanhante em todos os momentos (25,96%); parturientes de risco habitual em dieta zero (66,98%), sem deambulação (39,62%) e/ou utilização de método(s) não farmacológico(s) para alívio da dor (57,92%) durante o trabalho de parto; ausência de registro de utilização de partograma (99,06%); elevada prevalência de manobra de Kristeller (47,38%), posição horizontalizada (82,64%), episiotomia (43,25%), laceração (23,14%) e posicionamento não escolhido pela mulher (53,44%) no parto vaginal; decisão final pelo tipo de parto não compartilhada com a parturiente (29,77%); operação cesariana em quase metade das participantes (44,27%) e insatisfação materna com a sua participação nas tomadas de decisão (47,18%) e com a clareza das explicações por parte dos profissionais (34,81%). No nascimento, não foram ofertadas orientações às puérperas sobre os procedimentos a serem e/ou realizados no(a) filho(a) logo após o parto (55,11%) e sobre a higiene do recém-nascido (35,27%); além da não implementação de contato pele a pele (28,09%) e de amamentação (54,66%) ainda na primeira hora de vida. Portanto, confirmou-se a hipótese alternativa do estudo, sinalizando a necessidade de reorganizações de processo à luz das boas práticas assistenciais e da humanização, além de melhor viabilizar a equidade; e também foi disponibilizada a matriz de processo supracitada.