Evolução do aporte de metais dos últimos 150 anos no Estuário de Caeté, Bragança-PA e aplicação de proxies geoquímicos no contexto paleoclimático e dinâmica sedimentar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Taniguchi, Nancy Kazumi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/21/21137/tde-20012022-121925/
Resumo: Este trabalho propõe o estudo da evolução do aporte de metais num estuário da região amazônica, com foco na variação do ciclo hidrológico no continente e dinâmica sedimentar durante os últimos 150 anos. Foram analisados quatro registros sedimentares distribuídos ao longo do estuário e um registro sedimentar proveniente de um canal de maré. A geocronologia foi estabelecida por 210Pb e indicou taxas de sedimentação média que variaram entre 0,58 cm ano-1 a 1,04 cm ano-1. Primeiramente compararam-se os resultados de metais obtidos por fluorescência de raios-X portátil (XRF-p) e por ICP/OES, e avaliou-se a aplicabilidade das razões Fe/Ca, Ti/Ca, Fe/Ti, Fe/K, Rb/Sr como proxies de proveniência de sedimento e de período úmido da região. As concentrações de metais obtidas por XRF-p e por ICP/OES (Cr, Ca, Fe, K, Mn, Pb, Sr, Ti, V e Zn) exibiram equivalência em magnitude e amplitude. Os resultados do método XRF-p mostraram-se excelentes parâmetros para estudos de reconstruções ambientais. Com os resultados do testemunho proveniente do canal de maré (TAI), reconheceram-se grupos de elementos indicadores de aporte continental, identificado como componente principal 1 (CP1) (Al, Cr, Cu, Fe, K, Mg, Pb, Sc e V), e marinho (CaCO3, Mg, Sr, Ba) através da análise de componentes principais e agrupamento. A variação de CP1 contraposta a dados de precipitação anual do período entre 1973 e 2015 apresentou covariações em que valores positivos de CP1 foram sincrônicos a períodos úmidos, ao passo que valores negativos de CP1, a períodos de seca. Assim, foi possível inferir períodos úmidos e secos entre 1777 e 2015. As variações da CP1 foram aplicadas como indicador do fluxo de transporte de sedimento entre os estuários Caeté e Taperaçu, onde valores positivos da CP1 foram associados a fluxo de sedimento proveniente do estuário Caeté. A análise da evolução do aporte de metais por meio da aplicação das razões Fe/Ca, Ti/Ca, Fe/Ti, Fe/K e Rb/Sr foi realizada a partir dos resultados de XRF-p dos quatro testemunhos distribuídos ao longo do estuário. Através de imagens de satélite reconheceram-se evoluções e modificações de feições geomorfológicas em intervalos inferiores a cinco anos. Mudanças destas feições são influenciadas pela hidrodinâmica local e clima, o que se reflete nos resultados de conteúdo de metais, taxa de sedimentação e acumulação de massa. O desenvolvimento urbano de Bragança, caracterizado pelo aumento dos teores de metais a partir de 1890, propiciou alteração da dinâmica sedimentar. As razões Fe/Ca e Ti/Ca indicaram influência continental nos testemunhos internos ao estuário (CAT-S, CAT-N), enquanto que os testemunhos da região de médio estuário e região externa (CAT1, CAT-F), apontaram influência tanto continental quanto marinha. A razão Fe/Ti revelou diferentes fontes de sedimentos a partir de 1890. A amostra de superfície do testemunho do médio estuário (CAT1) apresentou valores de εNd(0) igual a -18,65 e 87Sr/86Sr igual 0,742560, enquanto que a amostra de superfície da plataforma continental interna adjacente ao estuário (P4) apresentou valores de εNd(0) igual a -11,05 e 87Sr/86Sr igual a 0,721749 Esses resultados mostram que há diferentes fontes de sedimentos nestas duas áreas, sugerindo que o estuário não tem capacidade de exportar sedimentos para a plataforma continental adjacente. As razões metal/metal analisadas em testemunhos costeiros mostraram-se de complexa interpretação, pois um mesmo elemento pode ter mais de uma proveniência.