Distribuição do Oxycarenus hyalinipennis (Costa, 1847) (Hemiptera: Lygaeidae) no Ceará, sua influência no teor de óleo do caroço e qualidade da fibra do algodoeiro Mocó, Gossypium hirsutum marie-galante Hutch.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1973
Autor(a) principal: Vieira, Francisco Válter
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11146/tde-20240301-154028/
Resumo: O estudo realizado sobre o Oxycarenus hyalinipennis (Costa, 1847), Hemiptera, Lygaeidae, inseto de incidência intensiva e ocorrência sistemática anual no algodoeiro Mocó, Gossypium hirsutum marie-galante Hutch, principal produto da economia cearense, orientou-se no sentido de demonstrar a verdadeira distribuição do "percevejo da semente" nas regiões algodoeiras de reconhecida vocação à vegetação e produção do algodoeiro arbóreo no Ceará; de determinar a longevidade de espécimes adultos do O. hyalinipennis, em função dos seus hábitos e preferências alimentares; de avaliar os danos que a espécie, em referência, causa aos teores de umidade e óleo do caroço e aos caracteres tecnológicos da fibra: comprimento, uniformidade de comprimento, resistência (índice Presley) e finura (índice Micronaire) da malvácea fibro-oleaginosa. O levantamento da ocorrência do O. hyalinipennis (experimento I) foi realizado em 42 propriedades agrícolas, distribuídas por 21 municípios, localizados nas regiões tradicionalmente produtoras de algodão Mocó no Ceará, especialmente nas duas principais: o Sertão Central e Sertão Centro-Sul. Em cada município, foram selecionadas duas Fazendas, possuidoras de culturas do algodoeiro perene com dois ou três anos de idade, havendo-se colhido em cada Fazenda, uma amostra de trinta cápsulas (capulhos + brácteas), portanto, duas amostras por município, no total de sessenta cápsulas. O teste de sobrevivência com indivíduos adultos, de idade conhecida (experimento II), em meio a estruturas diversas do algodoeiro Mocó, como alimento, foi feito nas condições de laboratório, à temperatura e umidade relativa médias de 27,3°C e 75%, respectivamente, adotando-se o delineamento de blocos inteiramente casualizados, com seis tratamentos e quatro repetições, assim distribuídos: A - Testemunha: insetos confinados sem alimento; B - Insetos confinados em meio a fibras, apenas; C - Insetos confinados a folhas frescas, apenas; D - Insetos confinados a fibras e caroços; E - Insetos confinados a caroços inteiros; F - Insetos confinados a caroços abertos (com o embrião exposto). Em disponibilidade de folhas (tratamento C), os percevejos atingiram o tempo médio de vida, no estado adulto, de 46,25 dias, não sobrevivendo porém, além do quinto dia nos demais tratamentos. Depreende-se que, o O. hyalinipennis alimenta-se da seiva retirada à folha do algodoeiro, comprovando-se ainda, não alimentar-se essa espécie, do conteúdo do caroço de algodão. Investigou-se, nas condições de campo (experimento III), os efeitos da infestação do O. hyalinipennis nos conteúdos de umidade e de óleo do caroço e sobre a qualidade da fibra do algodão Mocó, em Fortaleza, Ceará. O experimento, em blocos ao acaso, constou de três tratamentos e nove repetições, assim discriminados: M.L. - Fibras e caroços provenientes de botões florais livres (não previamente ensacados), porém sem ataque da lagarta rosada; M.E.S.I. - Fibras e caroços provenientes de botões florais, previamente ensacados, sem insetos; M.E/3C - Fibras e caroços provenientes de botões florais, previamente ensacados com três casais de insetos. O algodão utilizado nas determinações referidas, foi amostrado em plantio de algodoeiro Mocó que entrava para o terceiro ano de idade; cada amostra era constituída por dez capulhos. Os insetos confinados aos botões florais, eram adultos com idade conhecida, constatando-se posteriormente, que os mesmos se multiplicaram nestas condições ao aproveitarem, provavelmente, a seiva sugada ao fruto em crescimento, como alimento. Determinou-se o conteúdo de matéria graxa, em percentagem, de caroços obtidos ao material amostrado sob infestação do O. hyalinipennis, através do método de Soxhlet, referido por JAMIESON (27). A umidade dos caroços, em percentagem, foi obtida em estufa a 105 ± 3°C, até peso constante. O conteúdo lipídico dos caroços analisados, bem como o seu teor de umidade, não foram afetados pela ação do percevejo do capulho. Examinou-se a qualidade do algodão Mocó, oriundo do mesmo experimento (III), quanto ao seu comprimento (mm), uniformidade de comprimento (%), por meio do Fibrógrafo Digital, modelo 230-A; a resistência (g/Tex), pelo Presley Fiber Strength Tester nº 405, e a finura, pelo Micronaire, marca Sheffield Precision Products, em laboratório, à temperatura de 21 ± 1°C e umidade relativa de 65 ± 2%. O O. hyalinipennis não alterou os caracteres tecnológicos da fibra dó algodão Mocó, nas condições de campo.