Saúde Mental em tempos de crise: contribuições da luta dos movimentos sociais no enfrentamento aos sofrimentos psicossociais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Coelho, Paula Sassaki
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
MST
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-28112024-190945/
Resumo: Esta pesquisa investigou concepções e práticas de cuidado em saúde mental no contexto de um movimento social de luta pela terra. Para tanto, adotamos a concepção de Martín-Baró (1984) de saúde mental enquanto um caráter basilar das relações humanas, capaz de determinar as possibilidades de humanização para os membros da sociedade e, portanto, indissociável das tramas sociais de cada período histórico. Utilizamos o conceito de sofrimento psicossocial na tentativa de unir concepções valiosas acerca do sofrimento psíquico desenvolvido no bojo da reforma psiquiátrica (Amarantes, 2007) e do conceito de trauma psicossocial desenvolvido por Martin-Baró (1981). Foi utilizado como campo de pesquisa alguns acúmulos práxicos da Rede de Saúde Mental do MST, criada em 2020 no início da pandemia de COVID 19 no Brasil. Esta iniciativa do MST, voltada a sua base social, se deu como parte das ações de uma campanha que reuniu esforços para enfrentar e prevenir a ocorrência de violência doméstica frente ao grande aumento dos casos devido ao isolamento social e à degradação das condições de vida de maneira mais ampla neste período. Aos poucos, a Rede aceitou outros convites e demandas de saúde mental que não fossem apenas voltadas ao contexto da violência doméstica e também que pudessem incluir pessoas fora do estado de São Paulo. Como trabalho deste coletivo de saúde mental, foram realizadas escutas individualizadas assim como diversos tipos de atividades coletivas (grupos terapêuticos, debates sobre saúde mental, oficinas variadas), tendo chegado a atingir mais de mil e duzentos militantes em seus quatro anos de existência. O presente trabalho realizou uma sistematização geral com breve relato de experiência e apresenta resultados das entrevistas semiestruturadas realizadas com integrantes do MST. Realizamos 8 entrevistas com participantes, 3 profissionais de saúde mental da Rede e 5 militantes do MST de setores, coletivos e regiões variadas. Com isso, temos o objetivo de trazer alguns aportes no que diz respeito ao sofrimento psicossocial de integrantes de movimentos sociais, mais especificamente referentes ao MST, assim como possíveis formas de respostas a esses sofrimentos e sua vinculação com a luta social. No bojo dessas possíveis respostas, encontramos a importância das ações de cuidado em saúde mental mas também elementos da luta social que incidiram sobre a saúde mental que foram: as iniciativas de criação de poder popular, solidariedade de classes e amorosidade política, cuidado enquanto cultura política, pontes com a agroecologia como matriz produtiva e a construção de utopia revolucionária e projeto político. O presente trabalho possui ênfase na psicologia social e está em diálogo com outros campos de saberes (como a educação popular, saúde coletiva, reforma psiquiátrica, práticas populares em saúde, entre outros) a partir de referencial materialista-dialético.