Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Kawaguchi, Douglas |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-17122024-185026/
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Resumo: |
No paradigma dominante, fazer ciência é pensar de forma causalista: olhando para o passado, em busca das causas antecedentes do fenômeno que se pretende explicar; e de forma materialista, pressupondo-se que tudo o que existe é matéria ou pode ser reduzido a ela. Assim, se somos feitos unicamente de matéria, destituída de intenção ou finalidade, então nossa experiência mental deveria ser totalmente explicada em termos das cadeias de reações bioquímicas de nosso corpo, em especial o cérebro. Tal é a promessa do causalismo-materialista hegemônico até hoje nunca cumprida. Este trabalho argumenta que o causalismo é insuficiente para dar conta de nossas experiências subjetivas mais significativas por um motivo elementar: ele é uma explicação pela metade. Para compreendermos a vida, a consciência e a experiência humana, precisamos olhar tanto para trás quanto para a frente. A perspectiva filosófica que se dirige ao futuro, em busca da intencionalidade imbuída nos fenômenos, chama-se teleologia: telos, do grego, finalidade. O psiquiatra Carl G. Jung foi um autor que, na contramão do Zeitgeist, construiu toda sua obra sobre uma epistemologia teleológica: a psique é uma propriedade da matéria viva. Numa visão junguiana, todos os seres vivos possuem teleologia: buscam sobreviver, se desenvolver e se reproduzir. A explicação causalista de como estes processos se dão não elimina a necessidade de entendermos o para que ou a finalidade deles sem essa compreensão, não podemos alcançar uma explicação completa do fenômeno da vida. A consciência, na visão junguiana, é apenas mais uma manifestação do princípio teleológico presente em todo nosso corpo. Entendido dessa forma, o pensamento de Jung pode contribuir para avançarmos em questões fundamentais sobre a natureza da consciência, nunca superadas pelo materialismo redutivista ou pelo dualismo de substância. Diante desse contexto, este trabalho tem um primeiro objetivo de discutir cientificamente o pensamento junguiano, confrontando-o dialogicamente com as descobertas atuais das neurociências cognitivas sobre nosso funcionamento inconsciente. Os resultados indicam relevante compatibilidade entre esses campos, e algumas incompatibilidades epistemológicas. Sugiro que a maior parte dessas incompatibilidades poderia ser superada tomando a teleologia como elo entre os dois campos, por isso, exploro algumas contribuições da filosofia da mente sobre a possível natureza teleológica da vida e da consciência, que nos fundamentam na construção dessa ponte. Os resultados dessa primeira discussão sugerem que há um processo psicológico que se mostra privilegiadamente propício a uma investigação sobre a teleologia inconsciente: a intuição. Por isso, nosso segundo objetivo consiste num aprofundamento teórico a respeito da intuição. Primeiramente, investigo e comparo as conceituações de intuição na psicologia analítica e neurociência cognitiva; em seguida, concentro-me na neurofenomenologia de um fenômeno intimamente relacionado com a intuição: a experiência psicodélica (EP). Os resultados sugerem que uma abordagem teleológica é não apenas contributiva, mas necessária para uma compreensão plausível e potencialmente integral da intuição, e que a EP favorece o acesso intuitivo e teleológico a dimensões inconscientes da experiência humana. Esses resultados apontam para a necessidade da criação de uma nova definição de intuição: científica, mas não limitada ao causalismo materialista. |