As relações entre o inconsciente da psicologia de Carl Gustav Jung e a consciência subliminal de Frederic Myers

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Ribeiro Junior, Luiz Sergio lattes
Orientador(a): Melo Júnior, Walter lattes
Banca de defesa: Caropreso, Fátima Siqueira lattes, Damião Junior, Maddi lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Psicologia
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/17215
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo investigar quais as relações, sejam de concordância ou de discordância, que o conceito de inconsciente engendrado pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung estabelece com o conceito de “consciência subliminal” do pesquisador britânico da psicologia e do espiritualismo moderno do final do século XIX, Frederic Myers. Para tal, os dois conceitos foram cotejados, tendo como norte o método hermenêutico, principalmente a partir de dois textos destes autores, quais sejam, Considerações teóricas sobre a natureza do psíquico, de 1946, de Jung, e The Subliminal Consciousness, de 1892, de Myers. Para realizar tal comparação, primeiramente foi interpretado, a partir do método hermenêutico intertextual, o sentido do conceito junguiano de inconsciente, levando-se em consideração o contexto sócio-histórico e a filiação filosófica - mais especificamente a filosofia romântica do inconsciente do médico e filósofo germânico Carl Gustav Carus - às quais o pensador suíço estava submetido, salientando, assim, o impacto destes elementos intertextuais sobre sua concepção de inconsciente. Destarte, concluiu-se que o contexto social, que se estende do fim do século XIX ao início do século XX, de pesquisas paranormais com médiuns - tão populares à época -, assim como o movimento de consolidação científica da psicologia de então, influenciaram decisivamente a concepção de inconsciente do autor suíço. Ademais, verificou-se que a filosofia romântica tardia do século XIX, representada nesta pesquisa por Carus, também serviu de base ideativa ao pensamento do psicólogo suíço. Por fim, concluiuse que os conceitos de Myers e de Jung possuem semelhanças quanto aos seus caráteres inatista, polipsíquico, psicodinâmico e criativo-simbólico. Um pormenor foi encontrado quanto ao entendimento teleológico destes conceitos. Deste modo, o pensamento junguiano se apresentaria muito mais filiado à esfera das psicologias subliminais da virada do século, cujos principais representantes eram William James, Théodore Flournoy e, principalmente, porque pioneiro, Frederic Myers, do que ao contexto psicanalítico, como comumente se pensa, dado que o inconsciente freudiano, diferentemente do junguiano, supõe uma incognoscibilidade dos conteúdos inconscientes decorrente dos efeitos repressivos da consciência sobre estes. Ainda, esta dissertação levanta uma hipótese quanto ao fato de Jung fazer pouquíssimas menções ao trabalho de Myers em seus escritos, diferentemente do que acontece com autores como James e Flournoy. Haja vista que o suíço havia lido os escritos do erudito britânico desde sua formação médica, conjectura-se que esta “omissão” ocorreu devido ao anseio de Jung, assim como ao de todas as psicologias da época, em conferir credibilidade científica à sua psicologia analítica, uma vez que as pesquisas psicológico-espiritualistas de Myers eram rechaçadas pela comunidade médico-científica de então.