As águas e o lugar: a vida e o meu refúgio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Souza, Dilmara Verissimo de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde-09052024-185912/
Resumo: Em decorrência do modelo de desenvolvimento urbano-industrial institucionalizaram-se práticas sociais de apropriação do espaço e dos recursos naturais que conduziram à processos de degradação ambiental. Entende-se que este modelo deva ser repensado coletivamente, assim como a gestão dos recursos naturais e o reordenamento do espaço urbano, no âmbito de uma nova ordem política, moral, social e econômica como forma de garantia de acesso eqüânime aos bens coletivos e à saúde. Desta perspectiva, este trabalho buscou compreender como se dá a apropriação social dos recursos hídricos e do meio e quais os significados a eles atribuídos pela população residente nos bairros de Jd. Sandra I e II, Vila São José e Vila Davi, município de Mairiporã, área de proteção dos mananciais. Propôs-se também identificar as estratégias de enfrentamento elaboradas pelo grupo frente ao problema da degradação ambiental. Adotou-se o referencial teórico das Representações Sociais em diálogo com a Antropologia e a Sociologia. A metodologia foi baseada na técnica de triangulação de dados a partir de entrevistas individuais, grupal, observação participante e dados secundários. Os resultados indicaram que a água, pela sua característica transparência e ausência de odores, é associada à idéia de pureza. Soma-se a este significado o da geração e manutenção da vida, aspectos que remetem-na à esfera divina, elevando-a à categoria de elemento sagrado. Sendo contaminada, todavia, toma-se impura e neste sentido indigna de cumprir a sua determinação divina, que é a promoção da vida e da saúde; passando a ser associada à morte e portanto rejeitada socialmente. As representações de meio ambiente estão relacionadas, predominantemente, ao meio natural, que por sua vez, está associado ao acesso universal à saúde, na medida em que propicia paz, alegria, tranqüilidade, bom clima e ar puro à todos, de forma eqüânime. Embora a população identifique várias formas de degradação ambiental e as relacione de alguma maneira com a má distribuição de renda, falta de investimentos do setor público, assim como de planejamento e infra-estrutura urbanos, associa grande parte dos processos de deterioração do meio à condição de pobreza dos moradores. Para aquele grupo a baixa renda implica em ignorância e negligência daquela população no que diz respeito às condições de salubridade locais. Esta representação, por sua vez, induz a processos de exclusão social. Ainda que não participe dos processos de gestão do espaço e dos recursos naturais regionais, pressiona o poder público, através da Associação de Moradores, no sentido de uma atuação mais eficiente. Entretanto, as reivindicações daqueles moradores restringem-se apenas aos bairros pesquisados, evidenciando o desconhecimento da problemática sócio-ambiental mais ampla. Neste sentido, o seu comprometimento com a conservação ambiental do município toma-se pouco significativo. Foram identificadas algumas iniciativas incipientes do poder público no que tange o reordenamento do espaço urbano local, em face das novas demandas políticas, sociais e econômicas, decorrentes da nova ordem econômica mundial. Contudo, estas iniciativas estão dissociadas de uma política de governo bem como de mudanças institucionais voltadas a este propósito.