Comunicação em saúde: pesquisa-ação para elaboração de programa midiático de educação sobre drogas direcionada a jovens.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Oliveira, Elda de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7141/tde-09112015-152548/
Resumo: O objeto deste estudo é a educação sobre drogas direcionada a jovens, a ser veiculada no rádio, nas periferias urbanas. A bibliografia mostra que os jovens são tomados como sujeitos influenciáveis pela publicidade, que teria parcela de reponsabilidade pelo consumo de drogas entre jovens. O referencial teórico fundamentou-se no marxismo. O objetivo geral foi desenvolver processo de seleção, criação, organização e midiatização da educação sobre drogas, com a participação dos jovens. Trata-se de pesquisa qualitativa desenvolvida com a metodologia da pesquisa-ação emancipatória (PAE), que se fundamenta no método dialético. Na PAE há participação ativa dos sujeitos de pesquisa, que mantém diálogo e problematização permanente sobre a realidade. Participaram da PAE, jovens interessados na temática, que frequentavam uma escola pública de ensino fundamental e médio, na região de Guaianases, São Paulo (SP). Caracterizou-se o Índice de Reprodução Social (IRS) das famílias dos jovens, a partir de questionário padronizado. Para desenvolver a PAE, realizou-se treze oficinas. A oficina é um método participativo de investigação grupal, um processo educativo de reflexão e de transformação da práxis. Os resultados foram analisados de acordo com a categoria representações cotidianas. As representações cotidianas se manifestam na sociedade de formas distintas, relacionando-se com a base material de trabalho e vida das classes sociais. Em sua constituição apresentam dois elementos: o nuclear, que diz respeito às convicções que frutificam da reflexão e escolhas introjetadas; e o periférico, que se refere às opiniões, decorrentes da aceitação de ideias socialmente divulgadas. Os resultados foram: 13 jovens com idades entre 15 e 17 anos, sendo nove do sexo masculino, participaram das oficinas. Doze famílias foram categorizadas pelo IRS, sendo que sete delas contavam com chefes mulheres e três recebiam apoio do Programa Bolsa Família, dois jovens trabalhavam e estudavam concomitantemente. No processo da PAE, muitas convicções dos jovens vieram à tona, dado que o processo permitiu reflexão e reinterpretação da realidade analisada. As representações cotidianas foram sobre o espaço geossocial periférico em que os jovens vivem, as necessidades sociais e a sociabilidade. As representações da mídia sobre a periferia e sobre suas formas de sociabilidade foram temas problematizados pelos jovens, que criticam o modo como sua realidade é midiatizada. Estão convictos de que os problemas que enfrentam não são veiculados corretamente, de forma que os jovens das periferias são expostos como fora da ordem social, sujeitos perigosos e consumidores de drogas. Os jovens salientaram a presença controladora do Estado na periferia e suas necessidades sociais não respondidas; consideram que a classe dominante busca isolá-los na periferia e que as necessidades sociais não satisfeitas conduzem os jovens ao envolvimento com as drogas; estão convictos de que suas músicas constituem importante meio para desenvolver a educação emancipatória sobre drogas. As pautas da educação sobre drogas foram sendo construídas durante todo o processo da pesquisa, sendo o momento da midiatização do programa para os jovens participantes o ponto de chegada. Para outros será o ponto de partida para que novas discussões possam ser produzidas. A PAE mostrou-se potente para apreender as representações cotidianas de jovens da periferia e para a construção do programa de rádio de educação sobre drogas