A voz dos números: imagens e representações das estatísticas de ensino na fixação da identidade nacional (décadas de 1920 a 1940)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Caldeira-Machado, Sandra Maria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-16082016-163335/
Resumo: Esta pesquisa dedicou-se à abordagem da padronização das estatísticas de ensino como eixo formulador da identidade nacional entre as décadas de 1920 e 1940. Teve como objetivo compreender os mecanismos e as ações elaboradas em instâncias governativas que possibilitaram a edificação de uma representação da identidade nacional em números, imagens, quadros e mapas cartográficos. Para tanto, utilizou-se de publicações oficiais, relatórios, divulgações periódicas, como jornais e revistas, bem como mapas e publicações comemorativas que informaram sobre o lugar da educação e da estatística como ferramentas de destaque na composição da imagem regional (Minas Gerais) e nacional. Também compôs o leque de fontes uma vasta documentação epistolar composta por correspondências trocadas entre Teixeira de Freitas e Fernando de Azevedo entre os anos de 1938 e 1950, sobre os processos de escrita da obra de apresentação do censo de 1940, A cultura brasileira. Essa publicação marcou o processo final de realização da operação censitária que fixaria a identidade nacional em contraposição aos discursos fragmentários e de dispersão do território nacional. Observamos que Minas Gerais foi laboratório de produção e ensaio para diversas articulações em torno das quais houve um esforço para que fossem produzidas em âmbito nacional por meio da atuação de Mário Augusto Teixeira de Freitas que, ao dirigir o recenseamento de 1920 naquele estado, organizou e ensaiou o princípio da cooperação administrativa entre as três esferas de governo. Tal princípio marcou o ordenamento das estatísticas de ensino bem assim a estrutura do sistema estatístico nacional, o Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi possível constatar que as definições e os diagnósticos erigidos pelo âmbito oficial, notadamente por Teixeira de Freitas, marcaram os sentidos (muitos pejorativos) atribuídos à população analfabeta, especialmente os habitantes do meio rural. Categorias como gado humano pautaram as divulgações e o discurso pessimista sobre a educação primária do país cujo acento dava-se na formação das elites para a condução da nação. A educação como dever e a estatística como ferramenta de descrição e ordenamento de políticas nacionais mostraram-se bastante efetivas na proposição de projetos para construção do Brasil Novo, que divergia da imagem de país que sustentava alto índice de analfabetos e de crianças com poucos anos de escolarização devido, entre outras coisas, à dispersão demográfica da população em idade escolar. A pesquisa ocupou-se ainda dos processos que antecederam a escolha de Fernando Azevedo como autor da obra que fixaria a identidade nacional pretensamente de forma exata e objetiva, além da descrição das inúmeras articulações engendradas por Freitas e Azevedo para torná-la conhecida em todo país e no estrangeiro, ampliando a divulgação de uma imagem positiva do Brasil. Assim, a produção da obra A cultura brasileira e as estatísticas de ensino integraram o mesmo processo defixação da identidade nacional.