O Pitoresco e o Sublime: os indiens de carton-pâte no Tomo I de Viagem pitoresca e histórica ao Brasil de Debret

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Bicalho, Fabiane Gilberto Pereira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/93/93131/tde-24102022-181817/
Resumo: O presente trabalho teve como objetivo principal realizar a análise crítica e a interpretação das litogravuras que compõem o Tomo I, Casta Selvagem, da obra Viagem pitoresca e histórica ao Brasil (1834-1839), do pintor neoclássico francês Jean-Baptiste Debret, discípulo de Jacques-Louis David. Na França, Debret tinha participado da produção artística dos períodos revolucionário e napoleônico, mas, ao chegar ao Rio de Janeiro, em 1816, junto com outros artistas franceses, integrando a \"Missão Artística Francesa\", deparou-se com um país repleto de contradições nos âmbitos social, político e econômico. Realizamos, então, uma pesquisa qualitativa exploratória a fim de examinar as quarenta e oito pranchas que compõem essa obra \"artístico-histórica\" e selecionar as que tinham representações dos \"in i ns rton-p t \" (LEENHARDT, 2015), ou seja, dos nativos brasileiros. Partindo da contextualização histórica, discutimos a chegada da Família Real no Brasil, em 1808, que deu início a um projeto de desenvolvimento visando à inserção no \"mundo civilizado\". O conceito de \"civilização\", imbuído de novo significado a partir da Revolução Francesa, foi importante para compreendermos a estrutura dessa obra que procurou descrever um \"país na infância\" (DEBRET, 2015). Para análise, as litogravuras foram classificadas de acordo com os seguintes gêneros pictóricos: retratos, cenas de gênero, paisagens e composições didáticas. Concluímos que os \"indiens de carton-pâte\" são, de fato, uma construção debretiana e foram representados segundo as poéticas neoclássicas e românticas do pitoresco e do sublime, de acordo com os padrões de composição europeus vigentes na época. Debret destacou as \"capacidades evolutivas\" dos nativos brasileiros e enfatizou sua capacidade de \"se desenvolver\", de \"se civilizar\", mediante o processo de \"assimilacionismo\" (TODOROV, [1982] 2010) pelo qual passaram.