Modernidade, colagem e tropicalidade: os hotéis de Morris Lapidus em Miami nos anos 1950.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Mello, Márcia Maria Lopes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-16012019-092152/
Resumo: Genericamente, esta tese busca identificar a relação entre arquitetura e cultura de consumo, como definidora da identidade da arquitetura moderna de Miami no segundo pós-guerra. O conceito de cidade-balneário de Miami Beach foi transformado durante o decorrer da sua história. Os seus hotéis de inverno de meados da década de 1910 até 1945--destinados aos milionários associados à indústria automobilística--dão lugar a uma nova tipologia de hotel no pós-guerra, o hotelbalneário para a classe média norte-americana. Especificamente, este trabalho analisa os hotéis-balneários de Morris Lapidus (1902-2001) em Miami Beach na década de 1950, que definem a identidade da arquitetura moderna da cidade e que, por sua vez, caracterizam a sua própria imagem como cidade-balneário. A obra do setor da hospitalidade de Lapidus surge como informante de uma arquitetura com atenção máxima à escala humana do usuário. Suas lojas, construídas na época da Depressão, e seus hotéis do segundo pós-guerra, meticulosamente projetados para a classe média, surgem como veículos que contribuíram para a formação da cultura nacionalista, otimista e progressista, incentivada pelo governo federal de Franklin Roosevelt nesses períodos históricos. A histórica polêmica gerada sobre essa obra hoteleira de Lapidus, associada aos paradoxos presentes na composição arquitetônica de seus edifícios, está dividida entre a dogmática interpretação moderna do International Style e a leitura pós-moderna centrada na recuperação humanista. A narrativa da tese está fundamentada nessa polêmica cujo cerne está na questão sobre gosto e qualidade em arquitetura instigada por essa obra controversa. Este trabalho interpreta os paradoxos desses hotéis-balneários como uma metodologia de projeto de Lapidus, centrada na dialética de elementos de projeto contrastantes. Dessa dialética compositiva, nasce uma arquitetura híbrida, acessível à emergente classe-média, consumista e móvel, do pós-guerra. Esse hibridismo é estrategicamente elaborado como metodologia de projeto--uma colagem. A arquitetura como colagem nasce das escolhas de elementos extraídos de fontes diversas, que são apropriados e recriados pelo arquiteto. A diversidade de fontes de projeto advém da circulação de ideias--exposições, publicações e viagens. O apogeu da carreira de Lapidus é o hotel Fontainebleau (1954), o primeiro edifício do arquiteto de interiores que foi validado pelo seu conjunto de lojas da Main Street norte-americana. Os interiores derivam do método de projeto desenvolvido para as suas lojas, enquanto que a arquitetura do Fontainebleau descende da obra formativa de Oscar Niemeyer. A arquitetura moderna tropical do edifício contribuiu para a tipologia de hotel-balneário de Miami Beach no segundo pósguerra que, por sua vez, redefiniu o seu conceito de cidade-balneário. Após meio século, a arquitetura moderna hoteleira de Miami, originada com o Fontainebleau, está \"preservada\" sob a denominação Miami Modern-MiMo. No terceiro milênio, o MiMo, transformado em \"marca\" de consumo, é o veículo imobiliário da preservação da arquitetura moderna de Miami.