Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Araujo, Marcela Almeida de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-10052024-153116/
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Resumo: |
Em uma perspectiva global de crescente demanda por produtos agropecuários, mudanças climáticas e escassez de áreas para expansão de produção, a intensificação pecuária é posta como estratégica frente às políticas públicas brasileiras para alcançar uma agricultura com baixas emissões de GEE. Entre essas políticas está o Plano ABC+, que promove a adoção de sistemas, práticas, produtos e processos de produção sustentáveis, como a recuperação de pastagens degradadas (RPD). A RPD pode gerar efeitos sobre a economia e o uso da terra, além de maior fixação de carbono orgânico no solo (SOC). A identificação de pastos degradados no Brasil, comumente, se baseia em indicadores de produtividade pecuária, sobretudo na baixa taxa de lotação animal. Porém, essa abordagem nem sempre é precisa, uma vez que áreas com baixa capacidade de suporte, devido a limitações do meio físico, não estão necessariamente degradadas. A análise de lacuna de produtividade (diferença entre produtividade potencial/atingível e a produtividade real) utiliza modelos de crescimento de forragem para identificar áreas de pasto com maior ou menor potencial para recuperar, sendo um método alternativo para solucionar essa questão. O objetivo desta tese foi analisar os impactos socioeconômicos e ambientais do fechamento da lacuna de produtividade (yield gap) da pecuária bovina de corte no Brasil, entre 2020 e 2030, considerando as condições biofísicas para desenvolvimento das pastagens. Para isso, um modelo detalhado de Equilíbrio Geral Computável (EGC), que representa a economia brasileira (o TERMBR-15), foi utilizado para simular os choques de produtividade e investimento resultantes do fechamento das lacunas de produtividade via prática RPD. Para a análise do yield gap da pecuária a pasto, os protocolos do GYGA (Global Yield Gap Atlas) foram adaptados, especialmente em relação ao detalhamento espacial. Nesta análise, utilizou-se simulações de longo prazo de produção de forragem (no CROPGRO Perennial Forage) juntamente com modelo de taxa de lotação crítica, considerando a sazonalidade na produção de pasto. Além disso, a estimativa de produtividade da carne bovina considerou taxa de lotação e desempenho animal. Os choques de produtividade na pecuária de corte foram simulados em regiões identificadas como prioritárias dentro dos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica, considerando condições biofísicas, econômicas e de infraestrutura necessárias para viabilizar o fechamento das lacunas. A análise de yield gap da pecuária sugere que a agenda de intensificação deve ser adaptada às diferentes regiões do Brasil. A média nacional da lacuna de produtividade é de cerca de 48 kg EC há -1 ano-1 e as maiores oportunidades de aumento de produtividade da pecuária estão nos estados de Mato Grosso do Sul, Pará, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e Rondônia, que possuem grandes extensões de pastagem com lacunas acima de 75 kg EC ha-1ano-1 e as maiores oportunidades de aumento de produtividade da pecuária estão nos estados de Mato Grosso do Sul, Pará, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e Rondônia, que possuem grandes extensões de pastagem com lacunas acima de 75 kg EC ha-1ano-1. Por outro lado, em torno de 9% da área total de pastagem nos municípios analisados (141,6 Mha) está com lacuna de produtividade negativa, ou seja, ultrapassou os limites biofísicos de produtividade. Já a modelagem econômica revela que a RPD geraria um impacto positivo na economia brasileira, elevando o consumo real das famílias em 0,74% e o Produto Interno Bruto (PIB real) em 0,54%, ambos em relação à linha de base em 2030. Isso mostra que os investimentos para a RPD teriam elevada taxa de retorno social (R$ 42 bilhões a preços de 2023): para cada real investido, cerca de quatro reais retornariam para a economia em 2030. A RPD beneficiaria todas as classes de famílias, contudo, os ganhos para as mais pobres seriam menores, com relação a salários e oferta de trabalho. Dessa forma, políticas adicionais para combater a desigualdade e melhorar a qualificação dos trabalhadores seriam necessárias. Nacionalmente, a produção pecuária se elevaria com menor uso de área, gerando um efeito-poupa terra de 0,44 Mha em 2030. Nas regiões de fronteira agrícola (Amazonas-Acre-Roraima e Piauí-Bahia) e no Mato Grosso do Sul, contudo, haveria efeito rebote, com aumento do desmatamento. Ao considerar o potencial de fixação de SOC pela RPD, haveria uma redução tanto das emissões totais de GEE, quanto da intensidade de emissões (isto é, por unidade de produto) na pecuária em 2030, mitigando parte das emissões originadas da atividade. |