Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
1992 |
Autor(a) principal: |
Fernandes, Luiz Alberto |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44136/tde-24092013-094556/
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Resumo: |
O estudo apresenta a reconstituição paleogeográfica e evolução geológica da cobertura sedimentar cretácea suprabasáltica no Estado do Paraná e Pontal do Paranapanema (SP), alcançadas mediante aplicação de conceitos de fácies e de sistemas deposicionais. A cobertura é constituída por rochas sedimentares de origem continental (e ígneas associadas) acumuladas sobre a porção setentrional da Bacia Sedimentar do Paraná. Com base em características litológicas, relações estratigráficas e distribuição geográfica das associações faciológicas identificadas, a Formação Caiuá foi dividida nas unidades Goio Erê e Rio Paraná. Neste estudo lhes é proposto status de formação, com conseqüente elevação da unidade Caiuá à categoria de grupo. Ao mesmo tempo, apresenta-se revisão estratigráfica da cobertura cretácea suprabasáltica, que passa a ser composta pelos grupos, cronocorrelatos: Caiuá (formações Goio Erô e Rio Paraná) e Bauru (formações Santo Anastácio, Adamantina, aflorantes na área; formações Uberaba, Marília, e os Analcimitos Taiúva). Constituem uma seqüência única acumulada na Bacia Bauru, entidade tectônica evoluída no Cretáceo Superior (Turoniano-Maastrichtiano), na porção centro-sul da Plataforma Sul-Americana. Na área estudada, a Formação Rio Paraná é constituída por quartzo-arenitos finos a médios, de cor marrom-avermelhado a arroxeado, com estratificação cruzada tabular de média a grande porte, tangencial na base, dispostos em corpos de geometria cuneiforme (algumas vezes seccionadas por superfícies de truncamento de baixa inclinação). Caracterizam-se por boa seleção, grãos arredondados, de textura superficial fosca. Na sua porção basal, logo acima do contato com basaltos ocorre uma brecha sustentada por matriz areno-argilosa, com fragmentos de basálticos centimétricos e/ou nódulos de carbonato e esmectita, com espessura de 0,25 a 1,3m, acima da qual ocorre, com freqüência, arenito silto-argiloso, maciço, mal selecionado, quase sempre cimentado por carbonato de cálcio. Localmente observam-se dobras convolutas de dimensões métricas, entre porções não perturbadas da rocha atribuídas a instabilizações de origem tectônica (sismitos), ocorridas durante a sedimentação. A Formação Goio Erê é composta por quartzo-arenitos finos a médios, de cor marrom-arroxeado a avermelhado, com estratificação cruzada acanalada (padrão \"festonado\") ou tabular tangencial na base, de médio a pequeno porte, com mergulhos predominantemente médios a baixos. Caracterizam-se por seleção boa a moderada, grãos arredondados, foscos. Apresenta freqüente cimentação carbonática, localmente associada a concreções com diâmetro centimétrico e crostas duras (calcretes), tanto acompanhando a estratificação cruzada, como em posição subhorizontal, paralela aos diastemas que separam os bancos. A Formação Santo Anastácio é constituída, de forma monótona, por quartzo-arenitos muito finos a finos, de cor marrom-arroxeado a claro, com fração síltica subordinada, em bancos tabulares maciços de espessura métrica, às vezes com estratificação mal definida (plano-paralela ou cruzada) de baixo ângulo de mergulho. É comum a presença de cimentação carbonática, e orifícios irregulares de forma tubular, com diâmetro milimétrico e comprimento centimétrico (prováveis risolitos). Localmente apresentam arenitos conglomeráticos imaturos, com intercalações lenticulares de arenitos com estratificação cruzada e bancos de conglomerados de espessura decimétrica, com ventifactos (Litofácies Mairá). A Formação Adamantina é constituída por estratos tabulares de quartzo-arenitos finos a muito finos, surbordinadamente médios, de cor marrom-claro, bege a rosado, de espessuras decimétricas (até 1 m), com intercalações de corpos lenticulares de lamitos (siltitos areno-argilosos) marrom-escuros a rosados, de espessura média em torno de 20 a 30cm. De modo geral, as transformações diagenéticas a que se submeteram as rochas de todas as unidades estudadas foram pouco intensas, tendo-se atingido estágios iniciais da mesodiagênese. A silicificação teve caráter pontual, afetando indiscriminadamente as unidades Rio Paraná, Goio Erê, Santo Anastácio e Adamantina. Sua maior intensidade, responsável pela sustentação de elevações com até 200m acima do nível regional (morros dos Três Irmãos e do Diabo), registra-se segundo faixa de direção nordeste, no cruzamento com estruturas noroeste (associadas ao Arco de Ponta Grossa). A Bacia Bauru comportou-se como unidade tectônica distinta da Bacia do Paraná, instalada sobre sua porção setentrional, a partir do Turoniano (Ks). Pode ser classificada como do tipo cratônico continental interior, de subsidência simples, com reativação de estruturas marginais (acompanhadas de magmatismo alcalino), por reflexos da Orogenia Andina, que teriam promovido modificações de caráter dominantemente direcional (Neocretáceo-Paleoceno). A sedimentação na Bacia Bauru desenvolveu-se em ambiente desértico, sob clima com características de semi-árido a árido. Atualmente encontram-se preservados depósitos de: -sistema de leques aluviais marginais, nas porções leste e norte da bacia (bordas), representados pela Formação Marília (os membros Serra da Galga, Echaporã, e Ponte Alta constituem fácies de leques proximais, leques distais e lagos salinos, respectivamente); -sistema fluvial entrelaçado (braided) representado pela Formação Adamantina (centro/nordeste da bacia) e pela Formação Uberaba (no extremo nordeste, com contribuição de material vulcânico); -sistema eólico central (centro/sudoeste da bacia), representado pela Formação Santo Anastácio (depósitos de lençóis de areia e extradunas) e Grupo Caiuá (depósitos de campo de dunas: Formação Rio Paraná, área central; Formação Goio Erê, periferia). Os tipos de fósseis conhecidos, bem como sua distribuição, atestam o clima vigente, inóspito na porção central da bacia (formações Rio Paraná, Goio Erê e Santo Anastácio), mais propício à vida, em faixa semicircular aproximadamente coincidente com a área de exposição da Formação Adamantina (principalmente), Marília e Uberaba. |