Explorando a heterogeneidade das mudanças nos padrões de mobilidade ao longo da pandemia da COVID-19: uma análise baseada em cadeias de Markov latentes em um painel de 3 anos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Pedreira Junior, Jorge Ubirajara
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18144/tde-10012024-085535/
Resumo: A pandemia da COVID-19 pode ter aberto uma oportunidade única para mudanças duradouras na forma como as pessoas se deslocam pelas cidades. Compreender quais foram estas transições e se elas persistiram é de extrema importância para o delineamento de políticas urbanas no período pós-pandêmico. Visando entender estes impactos, esta pesquisa de doutorado estruturou uma coleta de dados em formato longitudinal nos anos de 2020, 2021 e 2022 no Brasil. Baseando-se em modelos Latentes de Markov, foi possível investigar como indivíduos migraram entre diferentes padrões de mobilidade relacionados ao trabalho ao longo do período de coleta, considerando suas frequências de viagem ao local de trabalho e de trabalho remoto, a percepção da dificuldade de se deslocarem até o trabalho sem carro, a posse de veículo motorizado e a escolha modal destas viagens. Análises exploratórias adicionais permitiram entender como estas mudanças estavam relacionadas a atributos sociodemográficos, de acessibilidade física e virtual e a padrões de mobilidade relacionados a outros propósitos de viagem. Dentre os principais resultados, pode-se destacar uma intensa migração para o teletrabalho na transição para a pandemia em 2020, associada principalmente à possibilidade de realizar as tarefas de trabalho remotamente, a padrões de motorização individual com baixa acessibilidade física ao local de trabalho e a uma maior percepção do risco de se infectar pelo coronavírus. Constatou-se também que teletrabalhadores que iniciaram este regime durante a pandemia também substituíram mais intensamente a execução de atividades presenciais de manutenção e discricionárias por suas correspondentes virtuais. Por outro lado, teletrabalhadores experientes praticamente não alteraram seus padrões de viagem. Após a cobertura vacinal atingir mais de 80% da população brasileira, o teletrabalho se tornou menos relevante, com um retorno considerável a padrões mais intensos em viagens. Todavia, as evidências sugerem que os padrões de mobilidade dependentes do carro se recuperaram mais fortemente que os demais. Observou-se que cerca de 85% dos usuários do transporte motorizado individual antes da pandemia voltaram a se deslocar desta maneira em 2022, ao passo que o retorno ao padrão anterior foi de aproximadamente 70% para aqueles que de se deslocavam por outros modos. Esse resultado se deveu principalmente à maior permanência de indivíduos realizando teletrabalho advindos deste último grupo, além de uma transferência líquida positiva do transporte público para o transporte motorizado individual ao longo de todo o período. Esses achados alertam para os possíveis impactos negativos da COVID-19 na mobilidade sustentável, indicando a necessidade de se desenhar medidas eficazes para desencorajar o uso do carro nos próximos anos. Além disso, recomenda-se que decisões locacionais relativas à moradia sejam monitoradas entre aqueles indivíduos que permaneceram no regime de teletrabalho, uma vez que o presente estudo endossa as evidências da literatura de que teletrabalhadores experientes geralmente moram em locais menos acessíveis. Desta forma, será possível também contribuir com a elaboração de políticas urbanas efetivas que minimizem o problema do espraiamento urbano que acentua a crise de sustentabilidade das cidades.