O discurso (psico) pedagógico sobre a adolescência: análise dos impasses docentes provocados pela teorização da adolescência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Aguiar, Tânia Margareth Bancalero
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-31052007-104141/
Resumo: Com o objetivo de analisar a circulação do \'significante adolescência\' no discurso pedagógico, bem como os efeitos provocados por ela na prática pedagógica e educacional, essa pesquisa foi realizada em duas etapas complementares. Primeiramente, por meio da \'desconstrução\' do conceito atual de adolescência, buscamos identificar - historicamente - a produção e o estabelecimento do conceito de adolescência, como resultado dos \'saberes\' médicos e psicológicos do final do século XIX e começo do século XX, e da apropriação desses fundamentos \'científicos\' pelo imaginário social. Para isso, embasamo-nos em estudos de teóricos que possibilitaram pensar a história do \'conceito\' de adolescência em termos de continuidade e descontinuidade, como por exemplo, E. Hobsbawn, P. Ariès, G.Levi & J.C. Schmitt e outros. E, na segunda etapa, por meio de dois instrumentos de pesquisa, buscamos identificar, no discurso pedagógico, a circulação do \'significante adolescência\' e os efeitos provocados pela movimentação desse significante na prática pedagógica. Um método foi a análise de entrevistas semi-estruturadas realizadas com professores de adolescentes, e o outro, a categorização e análise de textos das revistas Nova Escola e Educação (período de janeiro de 2000 a junho de 2006) que abordam o tema adolescência. Para analisar os dados, recorremos à teoria psicanalítica, pois tal teoria possibilita pensar sobre a educação para além da Pedagogia, sobre a especificidade da relação educativa e sobre o encadeamento significante. Tratamos desse assunto em torno do eixo teórico da conexão entre Psicanálise e Educação. Nesse sentido, embasamos essa análise nos estudos de autores como S. Freud, J. Lacan, B. Fink, S. Lesourd, M. Mannoni, L. Lajonquière, M.C. Kupfer, M.C.C.C. Souza, entre outros. A partir disso, observamos que a circulação do significante adolescência, no discurso pedagógico, se dá a partir de uma \'lamentação\' sistemática sobre a \"impossibilidade\" para a educação dos adolescentes, submetendo os professores a certa \'desorientação\', o que provoca a busca por mais conhecimento sobre a \'adolescência\'. Nessa busca, os professores, comumente, encontram \'explicações\' sobre o que é a adolescência e \'prescrições\' para sua educação, oriundas, normalmente, do campo da Psicologia, e que alimentam o conceito de adolescência no imaginário pedagógico. Nesse sentido, concluímos que a impossibilidade para a educação dos adolescentes está relacionada a movimentação do significante no discurso pedagógico, pois \'demite-se do ato educativo\' em nome de um \'conceito de adolescência\' que faz surgir técnicas específicas para a educação dos adolescentes.