Envolvimento do complexo inflamassoma NLRP3 na disfunção cardíaca associada à níveis suprafisiológicos de testosterona

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Alves, Juliano Vilela
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17133/tde-26092024-134715/
Resumo: O aumento da concentração sérica de testosterona (Testo) está associado tanto a fatores de risco cardiovascular, incluindo obesidade abdominal e aumento da pressão arterial, como a doenças cardiovasculares (DCVs). A testosterona modula o tônus vascular e o desempenho cardíaco, alterando processos de oxirredução (redox), como geração de espécies reativas de oxigênio (ERO), e eventos inflamatórios, como produção de citocinas. O inflamassoma NLRP3 é componente do sistema imunológico inato e importante regulador da inflamação crônica. Sua ativação, mediada, por exemplo, por ERO mitocondrial (EROm), estimula a produção das citocinas pró-inflamatórias IL-1β e IL-18 e contribui para hipertrofia cardíaca e lesão renal em modelos de hipertensão arterial. Considerando que a Testo estimula a produção de EROm, o presente estudo testou a hipótese que níveis suprafisiológicos de Testo ativam o complexo inflamassoma NLRP3 em células do sistema imunológico, resultando na produção, liberação e ação autócrina e parácrina de citocinas pró-inflamatórias e, consequentemente, em disfunção cardíaca. Para testar nossa hipótese, utilizamos camundongos C57BL/6J selvagens (wild type WT) e com deleção gênica (knockout, KO) para as proteínas NLRP3 (NLRP3-/-), ASC (ASC-/-) e caspase-1 (Casp1-/-). Os camundongos foram tratados com propionato de testosterona [Testo-P (10 mg.kg-1)] ou veículo durante 30 dias e ensaios foram realizados para avaliar a função e estrutura cardíacas e a ativação do inflamassoma NLRP3. Macrófagos derivados da medula óssea (BMDMs) foram isolados e estimulados com Testo [10-7 M], por 4, 6, 12 e 24 horas (h). Ensaios celulares e moleculares para determinar ativação de inflamassoma NLRP3 e a geração de ERO foram realizados. O tratamento de camundongos WT com Testo-P promoveu disfunção cardíaca, caracterizada por redução da fração de ejeção, fração de encurtamento, débito cardíaco e volume sistólico na análise por ecocardiografia. Testo-P também aumentou a espessura do septo interventricular, a parede posterior do ventrículo esquerdo e diminuiu o diâmetro interno do ventrículo esquerdo. Essas alterações não foram observadas em camundongos NLRP3-/-, ASC-/- ou Casp1-/-. Camundongos WT, mas não camundongos NLRP3-/-, tratados com Testo-P apresentaram aumento da expressão cardíaca do receptor NLRP3, da forma ativa de caspase-1 e dos níveis de IL-1β. Além disso, houve aumento da geração de EROm e do infiltrado de macrófagos no ventrículo esquerdo de camundongos WT, mas não em camundongos NLRP3-/-, tratados com Testo-P. Em experimentos in vitro, BMDMs estimulados com Testo apresentaram, após 12 e 24 h, aumento da expressão do receptor NLRP3, da ativação da caspase-1, dos níveis de IL-1β e da geração de EROm. Flutamida [(Flu), antagonista de receptor para andrógeno], carbonil cianida 3-clorofenil-hidrazona [(CCCP), desacoplador mitocondrial] e inibidor seletivo do inflamassoma NLRP3 (MCC950) atenuaram a ativação do inflamassoma NLPR3 induzida por Testo. Em conjunto, nossos resultados sugerem que níveis suprafisiológicos de Testo induzem disfunção cardíaca via geração de EROm e ativação do inflamassoma NLRP3.