Círculos de coca e fumaça. Encontros noturnos e caminhos vividos pelos Hupd\'äh (Maku)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Ramos, Danilo Paiva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-21102014-160908/
Resumo: Ao pôr do sol, quando o som do pilão começa a ecoar pela aldeia, é possível acompanhar os passos dos senhores Hupdäh (Maku) que vão caminhando vagarosamente, saudando-se e sentando-se em seus bancos para formar as rodas de coca (p&#361\'&#361k/ ipadú. Enquanto a fumaça dos cigarros de tabaco tateia os ares noturnos, o pó verde da coca (erythroxylum coca) vai sendo derramado nas bocas. Em meio às conversas, mitos começam a ser contados, benzimentos são ensinados e andanças pelos caminhos da mata são comentadas. Murmurando palavras para cigarros ou cuias, alguns dos participantes executam ações xamânicas para curar ou proteger pessoas. Ao sentar-me com os Hupdäh, habitantes da região do Alto Rio Negro, AM, entendi que os encontros noturnos podem ser vistos como um modo de ação que permite aos participantes constituírem percursos de observação a partir de seus próprios movimentos em meio às palavras sopradas dos encantamentos, às narrativas míticas e aos passos trilhados pelos caminhos que atravessam a floresta. Neste trabalho, as rodas de coca são tomadas como performances, contextos que associam os fazeres mítico e xamânico a partir de uma forma relacional particular que articula distintas formas de mobilidade e de interação. Procura-se delinear como esses modos de ação mobilizam sensória e experiencialmente os viajantes hup, permitindo a interação com diversos seres em múltiplas paisagens, campos de percepção e ação para o engajamento mútuo em processos de transformação ao longo do mundo