O uso da hemoglobina glicada no diagnóstico de intolerância à glicose e diabetes mellitus do tipo 2 em mulheres portadoras da síndrome dos ovários policísticos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Macchione, Renata Ferri
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5139/tde-08082023-143833/
Resumo: A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma afecção complexa, com aspectos reprodutivos e metabólicos, caracterizada por hiperandrogenismo, anovulação crônica e ovários policísticos. Frequentemente associa-se a distúrbios metabólicos como obesidade, resistência insulínica (RI), intolerância à glicose/ risco aumentado para diabetes e diabetes mellitus do tipo 2 (DM2). Mulheres com SOP apresentam risco 4 a 10 vezes maior de se tornarem diabéticas, comparadas à população geral. Recomendações internacionais orientam o rastreamento de DM2 na SOP com o teste de tolerância oral à glicose com 75g de glicose (TOTG75g) como parte do cuidado médico. O TTGO75g é um método que exige preparo, é demorado, relativamente desconfortável, dispendioso e, em um país de dimensões continentais como o Brasil, apresenta problemas de disponibilidade. A hemoglobina glicada (HbA1c), por sua vez, é um marcador do metabolismo glicêmico usada de forma padronizada no rastreio de DM2. No entanto, a utilidade da HbA1 no rastreamento das disglicemias na SOP ainda não é muito claro. O objetivo deste estudo é avaliar a acurácia da HbA1c no diagnóstico dos distúrbios do metabolismo da glicose e DM2 em mulheres com SOP. Para isso foram estudadas 99 pacientes com SOP e comparadas com dados laboratoriais de 19.293 mulheres controle da população geral de um laboratório diagnóstico. Os grupos foram pareados por idade e a TTGO75g foi considerado como referência. Os parâmetros de HbA1c normal, intolerante e diabetes foram <5,7%, 5,7-6,4% e >6,5%, respectivamente. As mulheres com SOP apresentaram mediana de TTGO75g 122 (100-146) mg/dL e HbA1c 5,3% (5,1-5,6); dessas, 29% apresentaram intolerância à glicose pelo TTGO75g, mas HbA1c diagnosticou 12% delas. A sensibilidade da HbA1c na SOP foi de 41% e a especificidade de 87%, com acurácia de 73%. As medianas no grupo controle foram TTGO75g 117 (99-137) mg/dL (p=0,23) e HbA1c foi 5,0% (4,8-5,3) (p<0,0001), com 30% dessas apresentando disglicemias ao TTGO75g, mas a HbA1c diagnosticou 3,4%. As características da HbA1c no controle foram: sensibilidade 15%, especificidade de 97%, acurácia 78%. A análise da curva ROC (receiver operating characteristic) da HbA1c no grupo SOP e controle mostraram uma área sob a curva de 0,58 e 0,62, respectivamente. Neste estudo, a HbA1c diagnosticou menos alterações que a TTGO75g nas mulheres com SOP. Estudos prospectivos longitudinais com HbA1c no rastreio da DM2 precisam ser realizados nas brasileiras com SOP