Caracterização dos habitat de fundo do entorno do Parque Estadual Ilha Anchieta - São Paulo utilizados pela ictiofauna

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Candido, Lucas Citele
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/21/21134/tde-31012024-143325/
Resumo: Os ecossistemas marinhos e costeiros desempenham um papel crucial na vida que habita o planeta, sendo essenciais na regulação do clima, oxigenação do ar e em diversos outros processos biogeoquímicos. No entanto, esses ecossistemas estão ameaçados por conta da contaminação, mudanças climáticas, destruição de habitat e sobrepesca, causando o declínio de populações explotadas. Compreender os geohabitat marinhos como o conjunto de ambientes e condições geológicas que, de forma integrada, possibilitam o desenvolvimento de certas espécies, é fundamental para determinar suas distribuições, permitir o entendimento de seus usos e proporcionar a gestão efetiva destas áreas e atributos. No entorno do Parque Estadual Ilha Anchieta (PEIA) em Ubatuba, uma das unidades de conservação mais antigas do litoral paulista, foi estabelecido um polígono de interdição de pesca buscando proteger a biodiversidade marinha. Sendo assim, o objetivo principal do estudo foi caracterizar os geohabitat de fundo no entorno do PEIA e sua relação com as espécies da ictiofauna local. A caracterização dos habitat de fundo foi realizada por meio de investigação geofísica utilizando sonar de varredura lateral (SVL). A análise dos dados de retroespalhamento do SVL e a validação por filmagem das feições permitiram identificar diferentes morfologias, sendo predominante as áreas de fundo arenoso. Foi registrada uma área considerável coberta por algas que pode promover um hotspot de biodiversidade e a sustentação da teia trófica local. Utilizando dados secundários, foi possível descrever a geomorfologia e hidrodinâmica da área de estudo, além de contextualizar historicamente a importância ecológica do local e as políticas públicas para proteção da biodiversidade. A caracterização das espécies de peixes foi realizada por meio de levantamento bibliográfico, considerando pesquisas anteriores desenvolvidas no entorno do PEIA. Os estudos levantados utilizaram metodologias como pesca científica com redes de arrasto, censo visual e levantamento bibliográfico. Os dados reunidos revelaram a presença de 284 espécies pertencentes a 90 famílias e 184 gêneros, incluindo 29 espécies de elasmobrânquios e 255 de actinopterígios. 24% (67) das espécies registradas apresentaram algum grau de ameaça de extinção, conforme listas internacional, nacional e estadual, o que reforça a importância ecológica da área para a conservação das espécies e a recuperação dos estoques pesqueiros. Além disso, observou-se alta frequência de espécies carnívoras em relação às demais guildas tróficas, sugerindo baixa pressão pesqueira e corroborando com a eficácia da restrição à pesca. Os resultados obtidos neste estudo ampliaram o conhecimento sobre os habitat marinhos no local, permitindo uma base sólida para futuras pesquisas relacionadas à biota marinha no entorno do PEIA, além de poder embasar medidas eficazes de gestão do uso desses espaços.