Aspectos da glotalização na língua Dâw: um estudo de fonética experimental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Barboza, Lucas Cavalini
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-19092017-140841/
Resumo: Esta dissertação analisa alguns aspectos fonéticos e fonológicos das consoantes glotalizadas da língua Dâw. Argumenta-se a favor da proposta de que, na língua Dâw, a glotalização é uma propriedade segmental e distintiva, conforme descrito por Martins (2004), restrita à classe das consoantes soantes. Observa-se mais de uma forma fonética nas consoantes glotalizadas, que incluem, sobretudo, fonação rangeada e voz áspera (ESLING; HARRIS, 2003). Quando comparadas às consoantes simples equivalentes, as consoantes glotalizadas são, em geral, mais curtas, têm forma de onda dos ciclos glotais mais irregular, H1H2 menor e frequência fundamental mais alta (nos casos sem rangeado). Exceto pelos níveis de frequência fundamental, as propriedades acústicas dos segmentos vizinhos não são afetadas. A glotalização confina-se ou manifesta-se com maior intensidade nas partes das consoantes que se encontram mais distantes das vogais adjacentes, padrão que também foi notado em outras línguas do mundo (PLAUCHÉ et al., 1998). Verificou-se que o aumento de frequência fundamental causado pela glotalização não provoca restrições no sistema tonal da língua Dâw e que os níveis de frequência fundamental dos tons lexicais são priorizados. A confirmação fonética do processo de redução silábica descrito por Martins (2004) permite defender que a glotalização e a oclusiva glotal compartilham o mesmo traço ou se definem por gestos semelhantes, sobretudo porque a comparação das características de ambas e a avaliação das consoantes soantes vizinhas de oclusivas glotais reforçam a semelhança. Entretanto, não há dados suficientes para sustentar a proposta de Martins (2005) de que as consoantes glotalizadas da língua Dâw originaram-se simplesmente da incorporação de traços das oclusivas glotais pelas consoantes simples. Por fim, observou-se que as ocorrências das formas da glotalização se relacionam com a nasalidade dos segmentos e com o sexo e a faixa etária dos falantes. A relação entre nasalidade e forma da glotalização, assim como o padrão temporal das consoantes glotalizadas, talvez possam ser explicados por fatores aerodinâmicos ou perceptuais (GORDON; LADEFOGED, 2001). Entretanto, este estudo não pôde avançar na compreensão da motivação desses fatos. A relação entre sexo, faixa etária e forma da glotalização não indica mudança em curso e demanda uma pesquisa sociolinguística mais aprofundada.