Autópsia minimamente invasiva na COVID-19: análise dos achados da tomografia computadorizada post mortem do tórax e da histopatologia dos pulmões

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Silva, Paulo Savoia Dias da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5151/tde-20052024-144825/
Resumo: Desde o início da pandemia da COVID-19 no final de 2019 / início de 2020, sentiu-se a necessidade de estudar essa nova doença como um todo, inclusive através de autópsias. Entretanto, pelo risco de contágio das equipes / procedimentos de segurança muito restritos, as autópsias convencionais praticamente não eram realizadas. Para suprir essa lacuna, surge a proposta de um modelo de autópsia minimamente invasiva, através de tomografia post mortem do tórax, e correlação com múltiplas biópsias do parênquima pulmonar. Em vivos, as tomografias computadorizadas (TC) de tórax se mostraram um excelente método para avaliação do envolvimento pulmonar e até mesmo do prognóstico da COVID-19, mas se sabe que em mortos os pulmões muitas vezes ficam expirados e, então, primeiramente precisaríamos definir se as alterações inerentes da tomografias post mortem realmente teriam limitações significativas para análise da doença, gerando o primeiro objetivo desta tese: de uma amostra de 117 pacientes que morreram de COVID-19 entre março de 2020 e setembro de 2021, e tiveram autópsia solicitada pelo corpo clínico do HCFMUSP, encontramos 5 que tiveram alguma tomografia de tórax feita em até 2 dias antes da morte, mais que isso poderia haver muitas modificações nos achados. Assim, fizemos uma análise descritiva dos achados pré e post mortem em uma série de casos, conseguindo determinar um raciocínio lógico de progressão de doença e suspeita da causa mortis, encontrar achados adicionais para corroborar ou não a morte e inferir que, sim, a TC post mortem pode trazer informações a respeito da COVID-19 fatal, mesmo com as limitações conhecidas, principalmente: pulmões expirados e estase sanguínea. Depois, partimos para o segundo objetivo desta tese, que foi correlacionar os achados de imagem das TCs post mortem da análise histopatológica dos pulmões. Para tanto analisamos 29 pacientes que morreram de COVID-19 entre abril e junho de 2020, tiveram autópsia solicitada pelo corpo clínico do HCFMUSP, foram submetidos à TC post mortem do tórax e múltiplas amostras histológicas dos pulmões foram colhidas. Excluímos 14 pacientes que apresentaram sinais de pneumonia secundária nas lâminas histopatológicas. Quantificamos os principais achados tomográficos da COVID-19 nos outros 15 pacientes: pulmão normal, vidro fosco, pavimentação em mosaico e consolidações, bem como os principais achados histopatológicos: pulmão normal, DAD agudo / exsudativo e DAD fibroproliferativo. Criamos um índice de gravidade tanto para achados tomográficos como histopatológicos, ponderando tais índices para serem maiores quanto mais achados avançados / graves estiverem presentes. Conseguimos detectar uma correlação positiva (R=0,66, p=0,0078) entre os dois índices. Ao analisar a porcentagem média de envolvimento pulmonar de cada achado, foram encontradas correlações positivas entre a porcentagem de pulmão normal nos exames de tomografia post mortem e histopatologia (R=0,65, p=0,0082), assim como entre opacidades em vidro fosco na tomografia post mortem e pulmões normais na histopatologia (R=0,65, p=0,0086). No entanto, correlações negativas foram observadas entre a extensão de opacidades em vidro fosco e dano alveolar difuso exsudativo em lâminas histológicas (R=0,68, p=0,005). Além disso, foi observada uma tendência de redução na porcentagem de tecido pulmonar normal nas lâminas histológicas à medida que a porcentagem de consolidações nos exames de tomografia post mortem aumentou (R =0,51, p=0,055). A análise das outras correlações entre a porcentagem de cada achado não mostrou nenhuma correlação significativa ou tendência de correlação (p 0,10). Para a avaliação de imagens suspeitas para infartos pulmonares na TC, não obtivemos número de casos significativos para uma análise estatística consistente