Reinventando a avaliação psicológica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1996
Autor(a) principal: Machado, Adriana Marcondes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-26112013-110134/
Resumo: As escolas públicas têm procurado psicólogos da rede pública e particular para realizarem avaliações psicológicas em várias crianças com histórias de fracasso escolar. Muitas são as críticas já formuladas em relação às práticas da saúde, cúmplices da produção do fracasso escolar, que focalizam seu olhar na criança encaminhada culpando-a pelo seu fracasso. Essas críticas revelam que as causas desse fracasso são encontradas nos mecanismos institucionais e nas relações que perpassam o dia-a-dia das escolas públicas. Este trabalho tem como objetivo construir uma forma de avaliar e problematizar as relações, os campos de forças nos quais ocorrem os encaminhamentos de crianças para avaliação psicológica e descrever essa realidade. Foram-nos encaminhados 139 alunos de 22 escolas estaduais (da 14a DE-SP). O processo de avaliação, realizado nas escolas, consistiu em pesquisar a história escolar das crianças, as características de suas salas de aula, os bastidores do encaminhamento, as versões das professoras, pais e crianças, os efeitos das ações da escola sobre as crianças e a expectativa da escola em relação ao trabalho do psicólogo. Foram entregues relatórios sobre as crianças e as escolas contendo essas informações, nosso objetivo e concepções. Várias crianças encaminhadas eram consideradas \"lentas\" por suas professoras. Em 33,1% dos casos foi pedido laudo para enviar as crianças para a classe especial. A maioria dos encaminhamentos (88,4%) eram explicados, pelas professoras, através de mitos que foram problematizados com elas. A expectativa em relação ao trabalho foi que se realizasse uma avaliação individual da criança em 59,7% dos casos e um trabalho de interlocução com as professoras em 32,4%. Foi frequente o sentimento de incapacidade nas crianças e de solidão nas professoras. As justificativas utilizadas para enviar as crianças para avaliação estavam relacionadas em 18,0% dos casos a questões institucionais e em 82,0%, a motivos individuais. Destes últimos, 84,2% não apresentaram, durante nosso trabalho, as atitudes referidas pelas professoras como justificativas para o encaminhamento. A expectativa de uma avaliação individual da criança, a existência de mitos por parte das professoras e de problemas individuais nas crianças não impedem que o rumo de uma história escolar, que tende para a estigmatização, seja alterado. Há associação estatisticamente significante entre a possibilidade de discutir o trabalho com as professoras e a alteração das relações e histórias escolares. Foi possível problematizar a história escolar de 88,5% das crianças encaminhadas ao se criar estratégias para pensar os encaminhamentos, estabelecendo relações entre as várias versões, as expectativas e apropriações que vão se dando em relação ao trabalho, e as práticas e efeitos que elas encerram. Avaliar é algo que se dá em movimento, sempre produz efeitos. Problematizar a produção de um encaminhamento implica movimentá-lo.